Musgo esfagno, o “super-herói” que pode salvar comunidades de inundações
Cientistas do grupo de conservação “Moors for the Future Partnership”, que realizaram um estudo de seis anos sobre o musgo esfagno, descobriram que a sua plantação em zonas de montanha poderia abrandar drasticamente o ritmo a que a água escorre das encostas, impedindo que as bacias hidrográficas fossem inundadas com água a jusante, avança o “The Guardian”.
Segundo a mesma fonte, a investigação descobriu que o musgo esfagno reduziu o fluxo de pico – a quantidade máxima de água que entra num rio após uma tempestade – em 65%. Verificou-se também que o musgo aumentava em 680% o tempo de atraso – o tempo entre a chuva e a água que entra no sistema fluvial.
Mais de 50 mil plantas individuais de esfagno – que são do tamanho de uma moeda de 50 pence – foram plantadas em Kinder Scout, o ponto mais alto do Parque Nacional de Peak District, no Reino Unido, como parte de um “laboratório ao ar livre” para os investigadores observarem.
Antes de o musgo ser plantado em Kinder, a superfície do monte consistia em turfa vazia, o que significava que, após uma tempestade, a água das chuvas escoaria diretamente, deixando as comunidades nos vales a jusante mais vulneráveis às inundações.
Musgo absorve até 20 vezes o seu próprio peso em água
A plantação de musgo esfagno pode, assim, trazer importantes benefícios ecológicos. A planta é capaz de absorver até 20 vezes o seu próprio peso em água, o que significa que mais água da chuva pode ser retida a montante e entrar de forma gradual numa bacia hidrográfica do rio, para evitar que seja sobrecarregada. O musgo esfagno também pode ajudar a proteger as camadas de turfa por baixo, e acumular-se ao longo do tempo para criar camadas de turfa que são essenciais para o armazenamento de carbono.
Os investigadores afirmam que os benefícios da plantação do esfagno serão ampliados ao longo do tempo à medida que a planta cresce, e que a plantação de musgo tem o potencial de trazer benefícios globais em termos de clima, qualidade da água e gravidade das cheias.
Tom Spencer, responsável pela investigação explicou ao “The Guardian” que os resultados foram ” surpreendentes ” e saudou os efeitos impressionantes que o musgo tem tido na bacia hidrográfica do rio.
Segundo o responsável, a plantação de esfagno poderá ser “um instrumento poderoso para minimizar o risco e a gravidade das inundações”, o que teria “benefícios de longo prazo para as comunidades a jusante”.
Helen Noble, chefe executiva do Parque sublinhou ao jornal britânico que as descobertas “são notícias fantásticas para as comunidades mais vulneráveis às cheias nos Peninos do Sul”.