“Não deixe escapar esta oportunidade de negócio: integre a natureza na sua estratégia empresarial!”



Por Nuno Gaspar de Oliveira, CEO da NBI & Afonso Dinis, Especialista de Conhecimento e Formação

A economia depende em absoluto dos sistemas e recursos naturais, seja a nível global, regional ou local. Pense numa cadeia de valor que não dependa da Natureza. Já conseguiu? Pois, continue a tentar…

Segundo o Fórum Económico Mundial, mais de metade do PIB mundial é moderada ou elevadamente dependente da natureza e serviços dos ecossistemas. A outra metade também, só que ainda não percebemos como. Recursos como água limpa e solos férteis são imprescindíveis para setores desde alimentação, energia ou construção. A perda destes serviços, muitas vezes invisíveis ou escondidos no ‘ângulo morto’ do retrovisor do crescimento imparável, tem implicações concretas como interrupções nas cadeias de abastecimento ou volatilidade nos preços das matérias-primas.

Esta vulnerabilidade não é abstrata. O IPBES alertou que um milhão de espécies se encontram em risco de extinção nas próximas décadas, ou seja, mais de 15% das espécies conhecidas. A degradação dos habitats, sobre-exploração dos recursos, espécies invasoras, poluição e alterações climáticas criaram uma ‘tempestade perfeita’, cujas consequências não são apenas ecológicas, mas também económicas e sociais. Insistir neste modelo de crescimento a todo o custo e ignorar esta realidade é um risco demasiado grande, e largamente desconhecido. Segundo a McKinsey & Company, a percentagem de empresas da Fortune Global 500 que têm metas relacionadas com a natureza duplicou entre 2023 e 2024, refletindo-se num crescente movimento empresarial internacional em torno da integração da natureza nas decisões estratégicas e operacionais. Apesar desta mudança de contexto, muitas empresas ainda hesitam em começar a agir.

A integração da natureza não precisa de começar com uma transformação radical. Tal como uma semente que germina, pode começar com uma avaliação simples das dependências mais críticas, uma due diligence ecológica ou com a revisão de critérios de seleção de fornecedores.

Este panorama, torna evidente que o mundo empresarial terá que entrar numa nova era: a do capitalismo ‘extended version’, onde o capital natural tem um lugar de destaque, junto com o capital social e financeiro, entre outros. Colocar a biodiversidade no centro das decisões é mais que um gesto de responsabilidade ou precaução, é uma escolha inteligente, baseada na ciência e nas exigências das novas gerações. As empresas que reconhecerem esta realidade mais cedo terão vantagem. As que resistirem, correm o risco de terem o seu ‘momento Kodak’ e se tornarem obsoletas. A integração da natureza nas estratégias empresariais é um excelente negócio! Pois, no meio de tantos desafios globais, é uma oportunidade rara de construir modelos de bens e serviços verdadeiramente regenerativos, que não só minimizam impactos, mas contribuem ativamente para restaurar os sistemas naturais dos quais todos dependemos. Em tempos, Bill Gates disse que ‘há tanto dinheiro a ganhar a restaurar o planeta como a destruí-lo, é uma escolha que está ao nosso alcance’. Este é o momento de seguirmos juntos o caminho da verdadeira prosperidade.

 

 

 

 






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