NASA encontra vários novos exoplanetas e 10 podem ter vida
O telescópio espacial Kepler detectou 219 novos candidatos a exoplanetas, 10 dos quais com tamanho aproximado ao da Terra e que orbitam suas estrelas na chamada “zona habitável”, ou seja, a uma distância e temperatura que permite a existência de água em estado líquido, condição tida como necessária para encontrar vida. A descoberta faz parte da missão Kepler, que tem como objectivo explorar a estrutura e diversidade de sistemas planetários, e foi feita a partir da observação de uma parte da constelação de Cisne, que fica a onze anos-luz da Terra.
O anúncio foi feito, ontem (dia 19), na Conferência Científica Kepler, no Centro de Pesquisa Ames, no Silicon Valley, Califórnia. O catálogo de missão deste observatório espacial da NASA lançado em 2009 é o mais completo e detalhado arquivo de possíveis exoplanetas. No total, já foram identificados 4.034 candidatos, sendo que 2.335 já foram confirmados como exoplanetas, isto é, planetas fora do Sistema Solar. Com a nova descoberta agora anunciada, são já 50 os exoplanetas captados pelo Kepler que podem ter o tamanho aproximado da Terra e viver na zona habitável das suas estrelas.
Além disso, os resultados obtidos por Kepler permitiram descobrir que há dois grupos distintos de pequenos planetas: um de planetas rochosos com tamanhos parecidos com o da Terra, e outro composto por planetas gasosos menores que Neptuno, ou seja, desprovidos de uma superfície sólida. O catálogo final da missão Kepler servirá de base para estudos mais profundos, mas tudo indica que cerca de metade dos planetas que conhecemos na galáxia não têm superfície, ou têm uma atmosfera demasiado densa e pesada para poder hospedar a vida.
Segundo Benjamin Fulton, um dos investigadores envolvidos na missão, “vemos esse estudo de classificação de planetas da mesma forma que biólogos identificam novas espécies de animais. Encontrar dois grupos diferentes de exoplanetas é como descobrir que mamíferos e répteis são de diferentes espécies”.
Mario Perez, também cientista do programa Kepler na Divisão de Astrofísica da Nasa, acrescentou que “o conjunto de dados do Kepler é único. Entender a frequência de planetas semelhantes à Terra na Galáxia vai ajudar no planeamento de futuras missões da Agência Espacial Americana para procurar outra Terra”.
Foto: NASA/JPL-Caltech