No litoral alentejano, “as alterações climáticas deixaram de ser um cenário distante”



O presidente da Comunidade Intermunicipal do Alentejo Litoral (CIMAL), Vítor Proença, considerou hoje um tema urgente e inadiável os desafios climáticos que este território enfrenta, como a escassez de água e a subida do nível do mar.

É “um tema que não é apenas urgente, é inadiável”, porque “as alterações climáticas deixaram de ser um cenário distante”, disse Vítor Proença durante a apresentação do Plano Intermunicipal de Adaptação às Alterações Climáticas (PIAAC) do Alentejo Litoral.

“Se nada for feito, a escassez hídrica comprometerá o abastecimento público, particularmente na agricultura e na biodiversidade”, alertou o presidente da CIMAL, aludindo igualmente à “escassez de água, falta de alimentos e desaparecimento de espécies fundamentais para o equilíbrio ambiental e a sobrevivência” das populações.

O PIAAC do Alentejo Litoral tem como objetivos estratégicos a redução da exposição aos riscos climáticos, o aumento da capacidade adaptativa e de resiliência da região e a promoção do conhecimento sobre as alterações climáticas.

Para Vítor Proença, o aumento dos fogos florestais, “promovidos pela subida das temperaturas e pelos fenómenos extremos, como ventos fortes e humidades reduzidas”, assim como “a subida do nível do mar e dos rios”, são “os riscos mais visíveis” do impacto das alterações climáticas nesta região.

Este fenómeno, “coloca em risco” as praias, incluindo o areal, “entre Troia e Sines ou as falésias entre a costa do Norte e toda a costa vicentina”, e “poderá inundar zonas ribeirinhas como Alcácer do Sal e a Comporta”, no distrito de Setúbal, onde predominam os arrozais, afirmou.

Através deste documento, enumerou, será possível “fazer a gestão sustentável da água, usando de forma eficiente os recursos hídricos que tendem a ser cada vez mais escassos, recorrendo a novas fontes de abastecimento, onde não podemos excluir a dessalinização”.

“Vai permitir-nos optar por culturas agrícolas mais resistentes ao clima e menos consumidoras da água através de práticas agrícolas regenerativas, prevenir e enfrentar de forma mais eficaz os cada vez mais frequentes e devastadores incêndios florestais com planeamento e gestão ativa dos riscos”, sublinhou o autarca.

Numa mensagem de vídeo, transmitida durante a sessão, a ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho, saudou os autarcas do litoral alentejano “pelo importante passo” no combate às alterações climáticas e realçou que este plano “reflete as oportunidades de um território rico e diverso”.

Em declarações à agência Lusa, o também presidente da Câmara de Alcácer do Sal explicou que o plano, que vigorará até 2035, vai mitigar e fortalecer o território para “desafios enormes”, nomeadamente em matéria de “ordenamento florestal e do território”.

Questionado sobre o recurso à dessalinização, o autarca referiu que se trata de “uma hipótese” que não deve ser descartada, tendo em conta a diversidade dos aquíferos deste território.

“No fundo, temos [de] encontrar mecanismos e a dessalinização é um deles, para estarmos preparados antecipadamente para resistirmos e fortalecermos e termos soluções alternativas para que a água não falte” nesta região, considerou.

Já sobre o financiamento previsto para a implementação das medidas previstas no plano, o presidente da CIMAL disse que o valor “não está estimado”.

“É um plano que vai exigir uma conjugação entre várias entidades, as associações de agricultores e produtores, municípios, administração central desconcentrada e administração central”, frisou.

O plano será desenvolvido em cinco etapas, desde a preparação à identificação das vulnerabilidades climáticas atuais e às opções de adaptação e monitorização.





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