Nos oceanos, os grandes peixes estão a perder ‘terreno’ para espécies mais pequenas



Os oceanos são oásis de diversidade. Animais e plantas de inúmeras cores, formas e tamanhos fazem parte das constelações de vida que pulula nesses ecossistemas. No entanto, os impactos das alterações climáticas estão a ameaçar cada ver mais essa biodiversidade, fruto do aquecimento das águas marinhas, da morte e desaparecimento de indivíduos e espécies, da redução do oxigénio dissolvido, da poluição e do aumento da acidez.

Agora, uma nova investigação, liderada pela Universidade de Saint Andrews, na Escócia, revela que as maiores espécies de peixes estão a desaparecer e a ser substituídas por espécies mais pequenas.

Num artigo publicado recentemente na revista ‘Science’, os investigadores explicam que a transformação da composição das comunidades marinhas se deve à redução do tamanho de indivíduos da mesma espécie, bem como ao facto de as espécies maiores estarem a perder ‘terreno’ para as mais pequenas.

Inês Martins, principal autora do artigo, observa que “seja pelo que os humanos preferem comer, seja porque os seus habitats estão a tornar-se mais quentes”, os grandes peixes estão a sofrer uma grande pressão.

Ainda assim, essa tendência não abarca todos os organismos marinhos, pois, ao passo que os peixes tendem a ‘encolher’, outros grupos de seres vivos parecem estar a aumentar de tamanho.

Maria Dornelas, outras das principais autoras, também da Universidade de Saint Andrews, sugere que é possível que “quando grandes organismos desaparecem, outros tentam ocupar o seu lugar e usar os recursos que se tornam disponíveis”.

Apesar de as comunidades de peixes poderem estar a ser dominadas por indivíduos mais pequenos, os cientistas dizem que a biomassa, isto é, a quantidade total de organismos numa dada área, permanece constante. Como tal, argumentam que isso corrobora a ideia de que os ecossistemas tendem a compensar as mudanças na composição das comunidades mantendo a mesma biomassa e, assim, a estabilidade dos habitats.

No entanto, os impactos desta tendência de redução do tamanho dos peixes podem ser nefastos e afetar todo o planeta.

“Torna-se evidente que a ampla substituição de espécies que vemos no mundo está a ter consequências mensuráveis. O facto de os organismos se tornarem mais pequenos tem efeitos importantes, uma vez que o tamanho dos animais influencia a sua contribuição para o funcionamento dos ecossistemas, e como os humanos deles beneficiam”, avisa Dornelas.

“Normalmente, os peixes maiores conseguem alimentar mais pessoas do que os mais pequenos”, afirma.





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