Nova espécie de iguana arborícola com língua cor-de-laranja identificada no sul da China
Foi nas províncias do sul da China que uma equipa de investigadores descobriu uma nova espécie de iguana, a Calotes wangi. O animal não tem mais de nove centímetros de comprimento e a sua língua alaranjada é um dos seus traços mais distintivos.
Pensava-se que a C. wangi era parte de uma espécie já conhecida, a Calotes versicolor, um grupo que, segundo escrevem os investigadores no artigo publicado na revista ‘ZooKeys’, “tem uma história taxonómica complicada”. Isto, porque as primeiras descrições da espécie cingiam-se a dados sobre a cor do animal e não eram suficientemente detalhados para permitir distinguir de outras espécies.
Além disso, os dois espécimes-tipo que serviam como referência à C. versicolor, e que estavam guardados no Museu Nacional de História Natural, em Paris, perderam-se, complicando ainda mais o trabalho de investigação. Desde então, a comunidade científica tem debatido qual o local de ocorrência dessa espécie, com alguns cientistas a defenderem que a sua distribuição deve ser associada à Índia.
No entanto, várias expedições científicas feitas entre 2009 e 2022 revelaram que uma população do que se pensava serem C. versicolor no sul da China e na região norte do Vietname é, na verdade, composta por uma espécie totalmente nova para a Ciência, a C. wangi, e por duas subespécies.
Yong Huang, primeiro autor do artigo, explica, em comunicado, que a nova espécie de iguana vive, sobretudo, em florestas subtropicais e tropicais húmidas, compostas por árvores de folha persistente, sobretudo em zonas montanhosas. Mas pode também ser encontrada em áreas agrícolas, em locais de vegetação rasteira e até em corredores verdes urbanos.
Quanto ao seu comportamento, os investigadores dizem que a C. wangi tende a fugir rapidamente, escondendo-se em arbustos ou subindo os troncos das árvores para escapar ao perigo. À noite, dormem nos ramos de arbustos, escondidos.
Alimenta-se principalmente de artrópodes, com insetos e aranhas e pode estar ativa praticamente todo o ano, exceto nos meses mais frios, uma vez que é um animal de ‘sangue frio’, ou ectotérmico.
Acaba de descrever cientificamente, a nova espécie não estará, para já ameaçada de extinção, mas os investigadores alertam para a fragmentação dos habitats em algumas zonas onde ocorre. Além disso, essa iguana é muito procurada para fins de medicina tradicional e até para ser consumida como alimento.
Por isso, os cientistas apelam às autoridades locais que “reforcem a proteção do seu ambiente ecológico e prestem atenção às dinâmicas populacionais” da nova espécie.