Nova espécie de rã com ‘presas’ descoberta na Indonésia. É a mais pequeno do seu género



Na Indonésia, na paradisíaca ilha de Celebes, também conhecida como Sulawesi, foi descoberta uma nova espécie de rã com ‘presas’, a Limnonectes phyllofolia.

Este grupo de anfíbios é conhecido por ter duas protuberâncias ósseas que brotam da mandíbula, que usam para combaterem rivais por território ou parceiros sexuais, ou até mesmo para caçarem e devorarem presas ‘duras de roer’, com centopeias e caranguejos, que estão protegidos por camadas exteriores rijas e impenetráveis por outras rãs com dentes mais pequenos.

Esta nova espécie é a mais pequena alguma vez descrita dentro desta família de rãs. Jeffrey Frederick, do Museu Field de História Natural, nos Estados Unidos da América, liderou a equipa de investigadores que deu mais uma espécie à Ciência.

Em comunicado, explica que “esta nova espécie é minúscula quando comparada com outras rãs com presas da ilha onde foi encontrada”, com cerca de 25 milímetros de comprimento. Ao contrário das outras rãs do género Limnonectes, que podem pesar quase um quilograma, a L. phyllofolia não pesa mais do que dois gramas.

O local onde a nova espécie foi encontrada é caracterizada por uma paisagem montanhosa e vulcânica e por floresta tropical húmida. Devido a todas essas condições ambientais, Frederick considera que a ilha de Celebes, em termos de biodiversidade, pode mesmo rivalizar com a Amazónia.

Enquanto anfíbios, as rãs põem ovos envoltos em cápsulas gelatinosas, para manterem os embriões hidratados. Contudo, esta nova espécie, ao contrário de outras que colocam os ovos perto de corpos de água, põe os seus em folhas ou em pedras cobertas de musgo “vários metros acima do solo”, dizem os investigadores em comunicado.

Ovos de rã Limnonectes phyllofolia depositados em folhas de feto.
Foto: Artigo

Agrupados em pequenos montículos, os ovos da L. phyllofolia são guardados por um dos progenitores, que procuram mantê-los húmidos e também livres de micróbios e fungos que possam pôr em causa a sobrevivência dos pequenos anfíbios por nascer. E nesta espécie são os machos que ficam a proteger a nova geração.

O investigador aponta que “os machos a guardarem os ovos não é um comportamento totalmente desconhecido” no mundo das rãs, “mas é muito invulgar”.

Macho de Limnonectes phyllofolia guarda os ovos. Dizem os cientistas que o progenitor olhava pelas jovens rãs à medida que iam eclodindo e caindo na água que corria por baixo da folha.
Foto: Artigo

Tal como o tamanho dos seus corpos, as suas ‘presas’ são também mais pequenas do que as de outras espécies de Limnonectes. Os cientistas sugerem que isso se pode dever ao facto de, por porem ovos em terra e por não terem de competir pelos melhores, mas mais escassos, lugares perto de rios e outros cursos de água, não têm necessidade de terem armas tão possantes.

O nome científico da espécie, phyllofolia, significa algo como ‘aquele que faz ninhos na folha’, referem os investigadores, que divulgam a descoberta num artigo publicado esta semana na revista ‘PLOS One’.

Frederick argumenta que o facto de se descobrirem frequentemente novas espécies na ilha de Celebes “sublinha a importância de conservar estes habitats tropicais muito especiais”.

“A maioria dos animais que vivem em lugares como Celebes são bastante únicos, e a destruição de habitats é um problema de conservação sempre presente no que toca à preservação da hiperdiversidade de espécies que lá encontramos”, avisa. E acrescenta: “Conhecer animais como estas rãs, que não são encontradas em qualquer outro lugar na Terra, ajuda a construir o argumento de que se tem de proteger estes ecossistemas valiosos”.





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