O que acontece aos painéis solares em fim de vida?



Com o enorme crescimento da energia solar que se faz sentir nos últimos anos, encontrar uma solução sustentável e circular para os painéis envelhecidos é de primordial importância. A Agência Internacional de Energia Renovável estima que até 2050 existam cerca de 60 a 78 milhões de toneladas de resíduos de painéis fotovoltaicos em todo o mundo.

Os painéis solares têm uma duração estimada entre 25 a 30 anos, o que significa que muitos dos primeiros painéis solares construídos, estão a terminar o seu ciclo de vida. Segundo o estudo “End of-Life Management: Solar Photovoltaic Panels“, o enorme fluxo de materiais que ficarão disponíveis, poderão ser utilizados para aumentar o stock para futuros painéis solares (cerca de dois mil milhões de novos painéis) ou serem vendidos para outros mercados e produtos que dependam destes.

A parte mais cara e trabalhosa do processo de reciclagem de painéis solares é separar corretamente todos os seus elementos. Para isso seria necessário aquecer os painéis de silício a 500°C para separar o silício dos metais pesados. Uma vez separadas, as partes de silício podem ser fundidas e têm uma taxa de reaproveitamento de até 85%.

Os painéis de películas finas podem ser triturados e passar por um processo para que as partes líquidas e sólidas sejam separadas. Depois deste processo, cerca de 90% do vidro pode ser reciclado aproveitado e 95% do material semicondutor, reaproveitado.

Mas, para que a taxa de reciclagem de painéis solares aumente, é necessário que exista uma regulação mais rigorosa do setor. Alguns especialistas recomendam que seja cobrada uma taxa sobre os painéis novos para que se crie um fundo destinado a financiar a reciclagem dos resíduos desta indústria. Outra alternativa é a criação de um mercado de venda de painéis usados, por um valor menor, já que que a eficiência não é a mesma.

Também um consórcio composto por 11 empresas e cinco institutos de pesquisa de nove países da União Europeia tem publicado os resultados de um projeto que mostra que a gestão do final da vida útil e da reciclagem dos módulos fotovoltaicos é muito rentável.
O projeto chama-se CABRISS de Horizonte 2020 e foi lançado em julho de 2015. Os investigadores do consórcio mostraram que é possível utilizar três técnicas principais para extrair materiais reutilizáveis de alto valor e rendimento dos painéis reciclados:

-Um processo para tirar a lâmina e conseguir recuperar materiais recicláveis como prata, silício e vidro de alta pureza de película delgada fotovoltaica ao final de sua vida útil e módulo fotovoltaico;

-Uma técnica para a recuperação de dejetos sólidos da fabricação solar;

-E um processo kerf para secar resíduos de silício fotovoltaico do material perdido durante o processo de corte.

Para abrir os módulos sem os prejudicar, os investigadores utilizaram uma tecnologia a laser, que aumenta o valor do vidro recuperado. Para os módulos de energia solar baseados em silício, foi criada uma tecnologia inovadora e baseada em água, que se diferencia das tecnologias convencionais de trituração, não rompe o vidro e o resultado é a recuperação de todos os materiais dos módulos.





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