Novas espécies de moscas-gigantes têm cara de vespa e medem quatro centímetros



Existem cerca de 1 milhão de espécies de moscas, mosquitos e moscardos, entre outros, os insectos da ordem diptera. Destas, apenas 160.000 espécies já foram descritas e, todos os meses, novas espécies são identificadas

Em Novembro, só no Brasil, nove espécies de mosca-soldado e duas moscas-gigantes, as maiores do mundo, foram descritas. A maior mosca do mundo, a gauromydas heros, vive no Brasil e mede seis centímetros desde a ponta do abdómen à ponta da cabeça – as moscas comuns medem apenas 0,5 centímetros.

“Há registros de indivíduos com até sete centímetros de comprimento”, explicou ao CenárioMT a zoóloga Júlia Calhau, que estuda moscas desde 1998, e, sobretudo desde 2009, moscas-gigantes desde 2009.

“Só vi a gauromydas heros uma vez. Foi em 2000, no Parque Estadual do Rio Doce, em Minas. Vi-a viva, mas não a consegui apanhar. Elas são muito rápidas”, revelou a responsável do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (MZ-USP).

Do género gauromydas eram conhecidas, até agora, quatro espécies, todas nativas da América do Sul. Os mais novos membros do género são a G. mateuse e a G. papaveroi, que foram descritas em Novembro por Júlia Calhau e dois colegas no periódico Zootaxa.

Segundo a investigadora, a G. papaveroi mede quatro centímetros e pode ser encontrada no Pará, no Amazonas e em Santa Catarina, no Brasil, na Argentina e também na Costa Rica, na América Central. Já a G. mateus é um pouco mais pequena, medindo 3,5 centímetros. A espécie só é achada na região de Salta, no norte da Argentina.

“São bichos extremamente raros”, disse Calhau. “As moscas-gigantes passam a maior parte da vida sob a forma de larvas. A fase adulta delas é muito curta.”

Por outro lado, não se conhece quase nada sobre os hábitos dos indivíduos das duas novas espécies. Praticamente tudo o que se sabe deriva de estudos da G. heros publicados nos anos 1940 pelo entomólogo checo José Francisco Zikán, que emigrou para o Brasil em 1902 e as estudou durante 40 anos no Parque Nacional de Itatiaia, no Rio de Janeiro.

De acordo com Zikán, as larvas das moscas-gigantes viveriam dentro dos ninhos das formigas-cortadeiras, as populares saúvas. “Estas formigas constroem no formigueiro câmaras de lixo, onde colocam todos os dejectos da colónia”, explica Calhau.

“Alguns bichos vivem nesses dejectos, como larvas de traças e de besouro. Aparentemente, as larvas da Gauromydas predariam essas larvas”, continuou.

Durante muito tempo, as moscas-gigantes foram confundidas com vespas e moscardos, devido ao seu tamanho e aparência, escreveu Zikán em 1942. “Mas são completamente inofensivas e alimentam-se do néctar das flores”, diz Calhau. “As moscas-gigantes não transmitem doenças nem têm importância económica ou agrícola, mas são bichos magníficos.”





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