Novo estudo revela enorme declínio nas espécies de formigas nativas das Ilhas Fiji desde a chegada dos humanos

Uma nova abordagem para analisar espécimes de museus revelou um enorme declínio nas espécies de formigas nativas das Ilhas Fiji desde que os humanos lá chegaram, segundo um novo estudo. De acordo com a equipa internacional de investigadores, incluindo o autor principal, o professor Alexander Mikheyev, da Universidade Nacional Australiana (ANU), o estudo destaca os efeitos invisíveis da perda de biodiversidade dos insetos.
“Os esforços globais de conservação muitas vezes concentram-se em animais maiores e mais fotogénicos, e em áreas mais fáceis de monitorizar, como habitats temperados”, diz.
“No entanto, as formigas fazem parte das ‘pequenas coisas que movem o mundo’ e são essenciais para manter ecossistemas saudáveis. Estudos como este são um passo importante para identificar as razões por detrás do chamado apocalipse dos insetos — o desaparecimento generalizado da diversidade e abundância de insetos observado em muitas partes do mundo”, explica.
Embora seja tradicionalmente difícil acompanhar as tendências históricas da população a partir de dados recolhidos nos dias de hoje, a equipa encontrou uma maneira de contornar isso em muitas espécies, estudando pequenos fragmentos de ADN de coleções de museus.
“Pode ser difícil estimar as mudanças históricas nas populações de insetos, porque, com poucas exceções, não temos monitorizado diretamente as populações ao longo do tempo”, sublinha Evan Economo, professor do Instituto de Ciência e Tecnologia de Okinawa (OIST) e da Universidade de Maryland, e coautor sénior.
“Adotámos uma nova abordagem para este problema, analisando em paralelo os genomas de muitas espécies a partir de espécimes de museus recolhidos recentemente. Os genomas contêm evidências de se as populações estão a crescer ou a diminuir, permitindo-nos reconstruir as mudanças em toda a comunidade”, acrescenta.
“Descobrimos que 79% das espécies de formigas nativas das Fiji sofreram um declínio populacional, enquanto as espécies introduzidas estão a explodir em número”, revela.
O professor Mikheyev afirma que as coleções do museu, construídas ao longo de décadas de trabalho de campo, foram vitais para o estudo, apesar da dificuldade em utilizar o ADN histórico, que se degrada com o tempo.
“À medida que as nossas ferramentas científicas se expandem, há cada vez mais informações que podemos capturar das coleções de biodiversidade, por isso é essencial que continuemos a investir e a manter esses recursos vitais”, explica.
De acordo com os autores do estudo, embora as ilhas sejam pontos críticos de biodiversidade, muitas espécies insulares desenvolveram características que as tornam mais sensíveis às mudanças ambientais.
“Por serem ecossistemas fechados e isolados, espera-se que as ilhas sintam os efeitos do impacto humano mais rapidamente, por isso são uma espécie de canário na mina de carvão”, afirma o autor sénior Cong Liu, do OIST.
“A maioria das extinções de animais registadas historicamente ocorreu em grupos de ilhas”, conclui.
Embora o arquipélago das Fiji tenha proporcionado um cenário útil para estudar estes efeitos, os investigadores acreditam que os seus resultados podem ser um sinal de tendências mais globais.
O estudo foi publicado na revista Science.