Novo Nobel da Física só recebeu €160 pela invenção dos LED azuis
Shuji Nakamura, um dos três responsáveis pela invenção dos LED azuis, fonte eléctrica de baixo consumo energético e amiga do ambiente, só recebeu €160 de bónus pela invenção. A notícia voltou hoje à ribalta 13 anos depois, devido à atribuição do Nobel da Física a Nakamura mas também a Isamu Akasaki e Hiroshi Amano.
Segundo uma notícia de 2005 do The New York Times, Nakamura processou a empresa para a qual trabalhava, a Nichia Corporation, pela irrisória quantia que recebeu pela invenção – uma das mais importantes da última década no que toca à tecnologia verde.
Quatro anos depois, um tribunal japonês decidiu que o inventor teria de receber €6,4 milhões (R$ 19,8 milhões) da Nichia e, ainda que o cientista não tenha concordado com a quantia – considerava-a baixa – foi aconselhado pelo seu advogado a aceitar este valor.
Nos quatro anos seguintes à invenção, a Nichia Corporation ganhou cerca de €462 milhões (R$ 1,4 mil milhões) com ela, através de patentes para a criação de publicidade em outdoors, sinais de trânsito ou lasers para DVD.
Este caso é paradigmático para perceber a forma como as empresas olham para a inovação e a sua respectiva utilização – e do porquê das tecnologias verdes serem tantas vezes preteridas por inovações mais lucrativas e, muitas vezes, absolutamente insustentáveis.
O aperfeiçoamento do LED foi um desafio para os cientistas durante anos. Apesar de os LED já existirem nas cores vermelho e verde, apenas com a adição da cor azul foi possível criar as lâmpadas de cor branca usadas na iluminação de espaços, massificando a sua utilização.
Hoje, Nakamura trabalha na Universidade da Califórnia, em Santa Bárbara. Akasaki é professor na Universidade Meijo e Amano trabalha na Universidade de Nagoya, ambas no Japão.
Foto: Tim Pierce / Creative Commons