O cacto poderá ser uma cultura importante num futuro sustentável? Os especialistas acreditam que sim
Numa época em que o clima se encontra em constante mudança, é cada vez mais importante estudar alternativas que permitam obter recursos de uma maneira mais eficiente e sustentável.
Uma investigação da Universidade de Nevada, nos Estados Unidos da América, sugere que o cacto pode ser uma cultura importante para a produção futura de biocombustível, dado a sua forte tolerância a temperaturas altas e a pouca necessidade de água.
A equipa estudou durante 5 anos várias espécies de cactos do género opuntia, com o objetivo de perceber o seu desenvolvimento. Os resultados demonstraram que a espécie Opuntia ficus-indica, também conhecida por Figueira-da-índia, teve a maior produção de frutas com menos 80% de água do que as culturas tradicionais, como as de milho e de soja.
“As áreas secas vão ficar mais secas por causa das alterações climáticas. No final de contas, vamos ver mais e mais problemas destes de seca a afetar colheitas como o milho e a soja no futuro”, John Cushman, da Faculdade de Agricultura, Biotecnologia e Recursos Naturais da Universidade. Além disso, como o próprio refere, apesar destas serem as “principais culturas de bioenergia” atualmente, “usam três a seis vezes mais água do que o cacto”.
Além da planta permitir gerar biomassa, também serve de alimento através da sua fruta, e é utilizada para forragem animal.
“Aproximadamente 42% da área de terra em todo o mundo é classificada como semi-árida ou árida. Há um enorme potencial para o plantio de cactos para sequestro de carbono. Podemos começar a cultivar cactos em áreas abandonadas que podem não ser adequadas para outras culturas(…)”, explica John Cushman.
Os investigadores consideram o cacto um substituto para o futuro do biocombustível porque é uma cultura que cresce em locais onde outras plantações não sobrevivem – o que também é útil porque não é necessário destruir outras culturas para a plantar -; aguenta até as temperaturas mais extremas como as que se prevêem a longo prazo devido ao aquecimento global; cresce sem necessitar de uma grande quantidade de água e, por último, durante todo este processo, retira carbono da atmosfera.