O nosso Mar: BioEconomia Azul?



por: Paula Nunes da Silva, Presidente da Direção Nacional da Quercus

O mar para Portugal e para os portugueses sempre teve um grande VALOR, quer do ponto de vista emocional, quer do ponto de vista económico, incorporando uma inigualável riqueza muitas vezes não contabilizada ou até lembrada!

Os ecossistemas marinhos costeiros, devido à sua localização, estão particularmente expostos a maiores pressões e impactos humanos. Fatores como a poluição, sobre-exploração de recursos, destruição de habitats, introdução de espécies invasoras, alterações climáticas, … . ameaçam a integridade dos ecossistemas marinhos e, inevitavelmente, a sua capacidade para continuar a fornecer bens e serviços.

Ainda podemos incluir valências tão diversas como a regulação do clima, mitigação e absorção de poluição, proteção e segurança costeira, mas cujo valor é mais difícil de contabilizar. Desde 2017 que o Governo cria um grupo de trabalho com a missão de avaliar as áreas marítimas protegidas (AMP) bem como a possibilidade de designar novas áreas protegidas, integrando-as na REDE NACIONAL de AREAS MARINHAS PROTEGIDAS – RNAMP. A RNAMP, enquanto instrumento para fins de proteção da vida marinha pressupõe o apoio à gestão sustentável da pesca e outras atividades humanas.

Em Portugal existem, atualmente, 71 áreas marinhas protegidas, de âmbito nacional ou local, que correspondem a 1% de todo o mar territorial e a apenas 0.03%, se considerarmos a totalidade da Zona Económica Exclusiva. Que se registe, não é nada fácil encontrar um mapa destas áreas! O aumento desta área era um objetivo estratégico que não foi cumprido e existem algumas áreas a serem classificadas, mas sendo um procedimento complexo e burocrático, exige muitos consensos, compensações, estudos e auscultações….

Mas se criarmos um modelo económico, capaz de separar a curva do crescimento económico da curva da degradação de recursos naturais, tornaríamos as soluções menos nocivas para o ambiente e economicamente viáveis e acessíveis.

A chamada bioeconomia azul é essencial para dar essa resposta: promove simultaneamente a conservação do oceano e a geração de riqueza assente em soluções sustentáveis a partir da utilização de bio recursos marinhos.

Já existem iniciativas para promover projetos e ideias e transformá- las em oportunidades de negócio ao longo da cadeia de valor dos bio recursos marinhos, incluindo biotecnologia, e que tenham como solução o desenvolvimento de produtos ou serviços sustentáveis, integrados em negócios viáveis!!
… agora é passar da teoria à prática!

Artigo de opinião publicado originalmente na edição nº 1 da Revista Green Savers





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