O rei das espécies de água doce já não existe no Planeta Terra (e a culpa é nossa)
O peixe-espátula-chinês era uma das mais emblemáticas espécies do rio Yangtzé, na China. A pesca em excesso e as barragens, que interferiram com a sua reprodução, ditaram o seu fim.
Segundo os cientistas o motivo para este desaparecimento do animal pode estar relacionado com o aquecimento global. “É uma perda irreparável”, afirmou o cientista Qiwei Wei, da Academia Chinesa das Ciências dos Peixes. Também conhecido como Psephurus gladius, podia atingir os sete metros de comprimento e habitava sobretudo nas margens do rio Yangtzé, na China. As suas origens remontam há 200 milhões de anos atrás, segundo a National Geographic, e sobreviveu a várias alterações do seu ecossistema, como o meteorito que atingiu a Terra e que extinguiu os dinossauros.
“Como não existem espécimes em cativeiro nem tecido vivo conservado para uma possível ressurreição, o peixe deve ser considerado extinto de acordo com os critérios da Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN)”, escreveu Hui Zhang, investigador da Academia Chinesa de Ciências da Pesca que liderou o estudo publicado, na edição de março de 2020, da revista Science of the Total Environment.
Os investigadores acreditam que a espécie “tenha ficado funcionalmente extinta”, o que significa “incapaz de se reproduzir”, a partir de 1993. O último destes peixes a ser visto vivo foi em 2003. Não foi só a pesca a ditar o seu desaparecimento. A construção de barragens, ao criar uma fragmentação do território, afetou a reprodução da espécie, concluiu o estudo.