ONGAs portuguesas preocupadas com a conservação do lobo-ibérico no país



Foi aberto no início de julho o Edital n.º 2/2021 de Correção Extraordinária de Densidade de Javalis pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), que gerou, desde o início, uma onda de preocupação por parte das Organizações Não-Governamentais de Ambiente (ONGA) portuguesas. Assim, 13 ONGA reuniram-se para enviar a 30 de julho uma carta ao ICNF, na qual expressaram a sua preocupação face à sobreposição das medidas correção extraordinária da densidade de javalis com a época de reprodução do lobo-ibérico, que poderia comprometer a conservação da espécie.

As organizações apelaram à criação de um novo edital, onde fosse garantida a proteção do lobo-ibérico, e pediram ainda a “suspensão imediata da atribuição de credenciais para correção extraordinária da densidade de javalis na área de distribuição do lobo, durante a sua época de reprodução”, que decorre entre os meses de maio e setembro. Foram ainda pedidas informações acerca do número de credenciais atribuídas, do número de indivíduos abatidos e a abater, e do possível impacto destas medidas no lobo-ibérico – algo a que, até hoje, ainda não obtiveram resposta.

Em comunicado, as ONGA garantem que “o exercício da caça ao javali nas circunstâncias permitidas no Edital (…) é altamente lesivo para a espécie, pela perturbação que provoca em áreas de grande importância para a sua conservação, nomeadamente os locais de reprodução durante o período de maior vulnerabilidade das crias (nos primeiros 5 meses de vida). Ainda mais quando as medidas extraordinárias previstas no Edital possibilitam a presença de até dez caçadores e 20 cães de caça, tanto no período diurno como noturno, nas ações de correção solicitadas por entidades titulares ou gestoras de zonas de caça”. De recordar que a espécie se encontra categorizada como “em perigo” de extinção, em Portugal.

“Fazemos um novo apelo, agora público, à revisão do Edital e à sua suspensão imediata na área de distribuição do lobo e até final do mês de setembro, solicitando ainda que credenciais a emitir este ano para a área de distribuição do lobo-ibérico, no âmbito de novo edital corrigido, contemplem apenas esperas de forma a minimizar o impacto no lobo-ibérico”, afirmam, sublinhando que “esta situação contraria e põe em causa os esforços de conservação do lobo-ibérico que têm vindo a ser desenvolvidos nas últimas décadas, quer pelo próprio ICNF quer pelas ONGAs e pela sociedade em geral”.

São signatárias desta carta, as ONGA: Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza, GEOTA –  Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente, ANP/WWF – Associação Natureza Portugal, LPN – Liga para a Protecção da Natureza, SPEA – Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, Rewilding Portugal, FAPAS – Associação Portuguesa para a Conservação da Biodiversidade, Grupo Lobo – Associação para a Conservação do Lobo e do seu Ecossistema, Dear Wolf, ATNatureza – Associação Transumância e Natureza, Aldeia – Acção, Liberdade, Desenvolvimento, Educação, Investigação, Ambiente, e Zoo Logical – Conhecimento, Divulgação e Conservação da Fauna.





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