Organização critica Cimeira Africana de Energia por falta de representação negra

A Câmara Africana de Energia criticou ontem a Cimeira Africana de Energia, que vai ocorrer em Londres, Reino Unido, entre 13 e 15 de maio, por não ter colaboradores africanos negros nos seus quadros.
Segundo um comunicado de imprensa, a Câmara Africana de Energia (AEC, na sigla em inglês) diz acreditar firmemente “que os africanos negros têm a experiência, as qualidades de liderança e a visão para ocupar cargos de topo na Cimeira Africana de Energia”.
Na opinião da AEC, países como Angola, África do Sul, Nigéria, Gâmbia, Serra Leoa, Quénia, Gana, Namíbia e Tanzânia – bem como outros que apoiam ativamente a cimeira e participam nos seus eventos – “merecem ter os seus talentos representados aos mais altos níveis da organização”.
A AEC explicou, no documento, que o cenário energético do continente africano é competitivo e está em evolução e que a Cimeira de Energia em Londres obtém receitas dos mercados africanos, mas carece de representação de africanos negros na sua organização.
Assim, a AEC pede que a cimeira retifique esta situação.
“É profundamente dececionante que, apesar dos benefícios consideráveis decorrentes das contribuições económicas de África, a Frontier [empresa que acolhe e organiza a cimeira] e a Cimeira da Energia Africana em Londres não tenham conseguido refletir a rica diversidade do continente através do recrutamento de funcionários negros”, lamentou a entidade.
Na opinião da AEC, esta questão piora quando se salienta que os africanos negros não são apenas participantes da cimeira, mas patrocinadores e contribuintes do evento e respetivos programas.
“Esta contradição põe em causa a sinceridade do compromisso da empresa para com a inclusão e levanta preocupações sobre a integridade das suas políticas de diversidade”, criticou.
Para o presidente executivo da AEC, NJ Ayuk, o progresso da indústria do petróleo e gás tem promovido os africanos, particularmente as mulheres, para cargos de gestão de topo, o que prova o quanto estas pessoas são capazes e essenciais “para o sucesso das organizações que operam no continente”.
A AEC reiterou que os africanos negros “têm a experiência, as qualidades de liderança e a visão para ocuparem posições ao mais alto nível na Cimeira Africana da Energia” em Londres e que esta inclusão não é apenas uma questão de justiça social, mas uma necessidade estratégica, visto que as receitas dependem do mercado africano.
A Frontier obtém uma grande parte das suas receitas em África, mas não são contratados trabalhadores negros, frisou a AEC.
“Contratam pessoas que conhecem [a Frontier], em quem confiam e de quem gostam, mas nós não fazemos parte desse círculo. Estou profundamente desiludido”, lamentou NJ Ayuk.
O advogado camaronense questionou ainda o porquê do evento em si não estar a ser realizado em África, mas sim em Londres.