Os lobos quando atacam não distinguem se o espaço é vila ou aldeia



A associação de preservação ambiental Palombar, com sede em Vimioso, no distrito de Bragança, defendeu que os lobos quando atacam usam o espaço como as pessoas e não distinguem se é uma vila ou uma aldeia.

“Os lobos são mais vistos próximos das localidades, porque o espaço para esta espécie de predador, tal como para outras, é um meio de passagem e só atacam se se sentirem inseguros ou se verificarem movimentos brusco por parte das presas e não distinguem se é uma vila ou aldeia ”, disse à Lusa o dirigente desta associação ambiental, Miguel Nóvoa.

Os pastores do Planalto Mirandês, no distrito de Bragança, estão apreensivos devido ao número crescente de ataques de lobos nas imediações das localidades e desde janeiro há registo de seis ocorrências tratadas pelas equipas de vigilantes da natureza do Parque Natural do Douro Internacional (PNDI), sendo que quatro delas foram registadas no concelho de Mogadouro.

O técnico defende igualmente que o lobo é um animal que ajuda a fazer o controlo de espécies herbívoras, como os javalis, veados e corços, que deixam prejuízos elevados nas culturas de cereais ou hortícolas cujo crescimento demográfico tem conduzido ao aumento da população de lobo ibérico no Norte do país.

“Verifica-se um aumento de lobos juvenis em Portugal e Espanha, fruto da disponibilidade de alimentos devido à proliferação, em massa, de espécies herbívoras”, constatou o responsável da Palombar – Conservação da Natureza e do Património Rural, Miguel Nóvoa.

O responsável refere ainda que o lobo é uma espécie protegida e não pode passar-se a ideia errada de que se possa retaliar contra este predador, mas antes criar condições para a sua coabitação em habitat natural com outras espécies.

“Não podemos perder a herança cultural de coabitação das espécies, como havia no passado. É possível fazer coabitar presas e predadores, mas dentro das regras estipuladas pelas entidades ligadas à proteção da natureza”, vincou.

Face a esta realidade, o também médico veterinário defende que é necessário criar condições para que os produtores pecuários possam proteger os seus animais da investida dos lobos, com recurso a cercas elétricas, cães de gado ou outros elementos disponíveis para esta tarefa.

“É preciso apoiar os produtores na aquisição de recursos que protegem os seus animais do ataque dos lobos e dificultar a ação destes e de outros predadores”, disse Nóvoa.

Em resposta à Lusa, o Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) revelou na quinta-feira que, segundo os últimos censos, existem 300 lobos ibéricos na região Norte, predadores “de topo” cujos ataques podem ser repelidos com o apoio de cães de gado.

“O ICNF está a financiar apoios à aquisição de cães de gado, como é o caso do transmontano, para a guarda dos rebanhos”, indicou à Lusa a diretora regional do Norte do ICNF, Sandra Sarmento.

“O lobo ibérico é um predador de topo que contribui para o equilíbrio das populações e o ICNF tem uma responsabilidade acrescida na sua proteção”, vincou a responsável.

Sandra Sarmento acrescentou ainda que o ICNF tem que garantir um conjunto de cuidados, para evitar que os lobos se aproximem dos rebanhos e das aldeias onde estes são pastoreados, com recurso a cães de gado ou cerca elétricas.

Na segunda-feira, o ICNF avaliou um alegado ataque de lobos a um rebanho em Vila de Ala, em Mogadouro, após a morte de seis ovelhas e três cordeiros, cujo proprietário descreveu como “um ataque perto das primeiras casas à entrada da aldeia”.

O proprietário do rebanho atacado na segunda-feira, Mário Mora, afirmou à Lusa acreditar que, “pela mordida” se tratou de um ataque de “um lobo ou lobos” aos seus animais.

“Do ataque resultou a morte de um carneiro, seis ovelhas e algumas crias de um mês ou dois”, indicou, acrescentando que esta foi a primeira vez que os seus animais foram atacados.





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