Pacto Climático Europeu mobiliza quadros municipais em Guimarães para práticas locais sustentáveis
O Pacto Climático Europeu vai mobilizar em Guimarães vereadores e técnicos de municípios e eleitos de freguesias e assembleias municipais da região de Entre Douro e Minho para a adoção de boas práticas e projetos de gestão municipal sustentáveis nas áreas da mobilidade, da energia e da alimentação, foi divulgado em comunicado.
Segundo a mesma fonte, estratégias para convocar a população para diminuir o trânsito, promover o uso de bicicleta e de ciclovias integradas no meio urbano, casos de sucesso na criação de infraestruturas adequadas ao uso da bicicleta como meio de transporte, a criação de planos municipais para a segurança alimentar ou a promoção de comunidades de energias renováveis, serão temas abordados na sessão que vai ter lugar na terça-feira no Laboratório da Paisagem da cidade-berço.
“É necessário reforçar o poder de decisão dos municípios na adoção de políticas mais sustentáveis, fomentando o trabalho interdepartamental e valorizando o conhecimento de quem melhor conhece o território. Só assim será possível acelerar a ação climática local e contribuir para a meta nacional de neutralidade carbónica até 2050”, afirma Juliana Carvalho, investigadora na área de mobilidade urbana na Universidade do Porto e embaixadora do Pacto Climático Europeu.
Esta formação prevê identificar as principais necessidades e dificuldades locais junto dos representantes municipais em Guimarães e, a partir disto, desenvolver um projeto-piloto tendo por base casos de sucesso anteriores. “Um dos objetivos da formação é identificar e estruturar uma ideia-base que possa, posteriormente, evoluir para um projeto interdepartamental”, afirma Juliana Carvalho. “O foco será explorar potenciais sinergias entre mobilidade, alimentação e energia, numa abordagem alinhada com as prioridades estratégicas do município”.
A investigadora irá juntar-se aos embaixadores do Pacto Climático Europeu António Gonçalves Pereira, coordenador da EcoMood Portugal e representante da Climate Alliance em Portugal, Cecília Delgado, Presidente da Alimentar Cidades Sustentáveis Associação – ACSA e investigadora na área de sistemas de alimentação sustentáveis na NOVA FCSH, e Rita Prates, da equipa de Energia, Clima e Mobilidade da Associação Ambientalista ZERO. A sessão terá lugar no dia 11 de novembro, no Laboratório da Paisagem, em Guimarães, a partir das 14:00.
O evento “Boas Práticas de Transição Energética nos Municípios Portugueses” contará com a presença de Dalila Sepúlveda, Diretora do Departamento de Ambiente e Sustentabilidade da Câmara Municipal de Guimarães, e Carlos Ribeiro, Diretor Executivo do Laboratório da Paisagem. A ação é dirigida a eleitos e a técnicos das câmaras e de outros órgãos autárquicos que integram as comunidades intermunicipais do Ave, da Área Metropolitana do Porto, do Alto Minho, do Cávado e do Tâmega e Sousa.
“Sensibilização e apoio aos cidadãos nesta transição”
Juliana Carvalho pretende, no âmbito da mobilidade sustentável, “partilhar boas práticas que promovam infraestruturas verdes e modos de transporte sustentável em meios urbanos”. Algumas destas práticas passam pela criação de mais espaços públicos dedicados à mobilidade ativa e pela integração da bicicleta no sistema de transportes. “Este caminho para uma cidade mais sustentável requer, por exemplo, a construção de redes de ciclovias interligadas, que liguem as zonas residenciais aos locais de trabalho e escolas, a criação de parques de bicicletas cobertos e seguros, conectados à rede de transportes públicos”.
Para sensibilizar os decisores e os cidadãos para a importância de sistemas alimentares mais sustentáveis no âmbito da transição climática, Cecília Delgado, embaixadora do Pacto Climático Europeu, irá apresentar boas práticas que fazem parte do seu livro “Como integrar a alimentação e o clima no planeamento territorial”.
“Existe uma perceção generalizada dos técnicos e decisores de que a crise climática e a falta de uma estratégia local de mitigação que inclua a alimentação não estão relacionadas”, afirma. “A alimentação, o clima e o território são vértices de um triângulo que tem de ser ativado”. Segundo Cecília Delgado, isto não será possível sem a criação de planos municipais que incluam uma estratégia consistente de adaptação à crise climática e medidas no âmbito dos sistemas alimentares considerando o planeamento territorial.
Cecília Delgado apresentará um conjunto de boas práticas adotadas por cidades, regiões e países que permitiram uma redução da pegada carbónica, uma maior coesão do território, uma melhor economia local e melhor saúde das populações. A embaixadora do Pacto Climático vai também apresentar 12 medidas operativas e estruturais para um Plano de Ação e discutir com os participantes quais as medidas prioritárias para as freguesias e municípios do Norte de Portugal.
Nesta ação, serão promovidas medidas para uma transição energética. “A eletricidade e o gás que consumimos têm um impacto direto não só na nossa carteira, mas também no ambiente. A criação de comunidades de energia é uma das soluções para garantir o acesso a energia renovável e mais económica”, explica Rita Prates, da ZERO, destacando o exemplo da Comunidade de Energia Renovável de Telheiras/Lumiar — um projeto local de produção de energia solar, gerida e distribuída pelos moradores de Telheiras e pela Junta de Freguesia do Lumiar, que promove uma energia mais acessível e sustentável.
“Por outro lado, o combate à pobreza energética é fundamental, e os municípios podem ter um papel determinante ao apoiar projetos de renovação do parque edificado, comunicar com as suas populações e facilitar o acesso aos apoios existentes, nomeadamente junto dos grupos mais vulneráveis, que muitas vezes desconhecem programas como o E-Lar”.
Guimarães foi eleita Capital Verde Europeia de 2026, como resultado do trabalho desenvolvido na implementação de práticas e políticas sustentáveis. O município apresentou o Pacto Climático de Guimarães, focado em alcançar a neutralidade climática até 2030, e foi selecionado para integrar a iniciativa Missão Cidades, um projeto da União Europeia que se destina a apoiar 100 cidades na transição para a neutralidade climática.
O Laboratório da Paisagem, parceiro do Pacto Climático Europeu e desta ação de formação, é uma instituição criada em 2014 pela Câmara Municipal de Guimarães, juntamente com a Universidade do Minho e a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. A sua missão é tornar-se uma referência em práticas e políticas internacionais de sustentabilidade ambiental, através de investigação científica, criação de projetos e sensibilização da população.
O Pacto Climático Europeu é uma iniciativa central do European Green Deal promovido pela União Europeia e coordenado em Portugal pela Associação Ambientalista ZERO. O seu objetivo é mobilizar as comunidades na Europa para os investimentos, atividades e processos que sejam progressivamente menos dependentes dos combustíveis fósseis e da emissão de outros gases com efeito de estufa, promovendo a transição para modos de vida mais seguros e saudáveis e para uma economia sustentável.