Palombar instala nove ninhos artificiais de abutre-preto no Douro Internacional para potenciar fixação da espécie ameaçada



A organização ambientalista Palombar – Conservação da Natureza e do Património Rural (PNDI) instalou nove ninhos artificiais de abutre-preto (Aegypius monachus) no Parque Natural do Douro Internacional.

A ação contou com a colaboração da Dirección General de Emergencias – Cuerpo de Agentes Forestales de la Comunidad de Madrid e com investigadores da Universidade de Oviedo, e teve como objetivo aumentar e reforçar o número de ninhos disponíveis para o abutre-preto poder nidificar no PNDI, onde está situada a colónia mais reduzida e frágil da espécie no território nacional, informa a organização em comunicado.

Além da instalação dos novos ninhos, foram também reparados quatro ninhos já existentes, com intuito de melhorar a sua estrutura e para poderem ser ocupados com sucesso e segurança pelos abutres-pretos, o maior dos abutres europeus, que, em Portugal, está ameaçado de extinção.

Um dos nove ninhos artificiais que foram instalados no Parque Natural do Douro Internacional.
Foto: Palombar

A iniciativa decorre no âmbito do projeto LIFE Aegypius return, que visa a consolidação e expansão da população de abutre-preto em Portugal e no oeste de Espanha, e da qual a Palombar é parceira.

Na época de reprodução de 2023, três casais nidificaram no PNDI, mas somente duas crias foram recrutadas para a colónia. A espécie coloca apenas um ovo por casal em cada época.

Ao contrário da maioria dos abutres, que nidifica em acantilados rochosos, o abutre-preto faz ninhos principalmente em árvores de grande porte, como o zimbro, azinheiras, sobreiros e pinheiros, o que o torna mais vulnerável a ser afetado por incêndios florestais. Por isso, uma das ações deste projeto LIFE é também promover a gestão de habitats e aumentar a resiliência natural frente aos incêndios florestais nas áreas onde a espécie se reproduz.

“Em 2017, por exemplo, a colónia do PNDI foi afetada por um incêndio florestal que destruiu o único ninho da espécie existente nessa altura, matando a cria de abutre-preto. Esta espécie só põe um ovo por época de reprodução, pelo que o seu sucesso reprodutor é mais limitado e condicionado”, recorda a Palombar.

Réplica de abutre-preto no ninho serve de chamariz para atrair a espécie

Para aumentar a probabilidade de ocupação dos ninhos, foi colocada numa árvore próxima aos novos ninhos instalados uma escultura-réplica de abutre-preto que funcionará como um chamariz para atrair novos indivíduos reprodutores para o PNDI.

Réplica de abutre-preto no ninho serve de chamariz para atrair a espécie.
Foto: Palombar

Até 2027, projeto quer devolver à natureza na área do Douro Internacional 20 abutres-pretos

A Palombar espera que os ninhos agora instalados sejam ocupados quer por indivíduos que já ocorrem naturalmente na região, quer por aqueles provenientes de centros de recuperação de fauna silvestre que são devolvidos à natureza na área do PNDI.

“Até ao momento, já foram devolvidos dois abutres-pretos neste parque no âmbito do projeto”, salienta a organização ambientalista portuguesa.

Com o objetivo de aumentar a colónia de abutres-pretos no Douro Internacional, o projeto prevê ainda, até 2027, devolver à natureza nesta área 20 abutres-pretos provenientes de centros de recuperação de fauna silvestre. Neste âmbito, está a ser construída uma estrutura de aclimatação na zona desta colónia. Nesta estrutura de grandes dimensões e com todas as condições de segurança, os indivíduos da espécie recuperados irão passar por um período de readaptação ao meio natural e de habituação à região para que a sua fixação nesta colónia, depois da devolução à natureza, seja facilitada.





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