Parlamento aprova Ordem dos Nutricionistas
A Assembleia da República aprovou hoje a criação e os estatutos da Ordem dos Nutricionistas, um objectivo pelo qual a Associação Portuguesa de Nutricionistas (APN) tem vindo a trabalhar há dez anos.
“É um dia muito feliz, o culminar de um trabalho que permitiu demonstrar a importância deste organismo que nos vai permitir definir mecanismos de auto-regulação profissionais, como regular o acesso à profissão e resolver questões de disciplina”, explicou Alexandra Bento, a presidente da APN, ao jornal Público (na foto, Alexandra Bento encontra-se junto ao secretário de Estado da Saúde, Manuel Pizarro, durante a apresentação dos Nutrition Awards, em Outubro de 2009).
De acordo com a Alexandra Bento, a Ordem dos Nutricionistas dará qualidade à prática da nutrição. “No sector público, quando há alguma inconformidade, o Estado regula, mas no sector privado existiam e continuam a existir situações que não estão conformes, aquilo que seria um código ético e deontológico bem demarcados”, continuou a presidente da APN.
No horizonte ficarão, agora, a introdução de estágios que façam a ponte entre o título académico e o início da prática profissional, “de forma inclusiva”.
“Com a Ordem dos Nutricionistas os cidadãos ganham muitos direitos e garantias, num país em que se morre de doenças civilizacionais e em que as doenças relacionadas com a alimentação continuam a crescer”, insistiu Alexandra Bento
Leia a notícia do Público (com detalhes sobre o processo que levou à aprovação da Ordem dos Nutricionistas).
Paralelamente, e em entrevista publicada recentemente no Parlamento Global, Alexandra Bento realçava a sua discordância com o facto de não existir, actualmente, nenhum estatuto que regulasse a profissão. “Muitos [nutricionistas] trabalham em clínicas e hospitais, mas é uma profissão em crescendo no sector liberal e só por aí já demonstra a necessidade da criação desta Ordem”, revelava então.
“Mais de cinco milhões de portugueses sofrem de pré-obesidade, é o maior problema de saúde pública e aqui os nutricionistas são o profissional por excelência. [É necessária uma] disciplina, um código deontológico, de maneira a punir quando há mau desempenho por parte dos profissionais”, explicou a presidente da APN.
A necessidade de ter mais atenção aos “cursos rápidos” que prometem criar formação nesta área – “até pelo telefone!” – e a grande quantidade de pessoas a desempenhar indevidamente esta profissão foram outros dos argumentos levados à Assembleia da República pela APN.
Agora, há que escolher se a APN continua a fazer sentido ou se a futura Ordem dos Nutricionistas irá abarcar as competências da associação. “Pode [haver] uma extinção ou transformação”, dizia então Alexandra Bento.