Parlamento polaco vota a favor da proibição de produção de peles com pelo
Mais de três quartos dos deputados da câmara baixa do parlamento da Polónia (conhecida como Sejm) votaram a favor, no passado dia 17 de outubro, de uma proposta para proibir a exploração de animais para produção de peles com pelo.
Sejm wprowadził zakaz hodowli zwierząt na futro w celach komercyjnych. Posłowie przegłosowali zmiany w ustawie o ochronie zwierząt, które wprowadzają takie rozwiązanie.
Ustawa przewiduje, że fermy futrzarskie będą mogły działać w Polsce do końca 2033 r. Ustawa nie obejmuje… pic.twitter.com/ojqhGcbX3C
— Sejm RP🇵🇱 (@KancelariaSejmu) October 17, 2025
De acordo com um relatório publicado este mês, a Polónia é o maior produtor de peles com pelo da União Europeia, com quase 270 “quintas” ativas, tendo em 2024 produzido 2.738 milhões de peles com pelo, sobretudo de visão-americano (Mustela vison). Ainda assim, a Finlândia é o país do bloco com maior número de “quintas”, cerca de 430, mas com menor produção do que a Polónia no ano passado.
A organização internacional Four Paws considera que o voto no parlamento polaco é uma “grande vitória” para a proteção dos animais e para os esforços que visam o fim da prática da produção de peles com pelo. Diz ainda, em comunicado, que é altamente provável que a proposta seja aprovada também no Senado polaco, pelo que a decisão final estará nas mãos do Presidente Karol Nawrocki, a quem saberá a promulgação da alteração à lei de proteção animal do país.
“Congratulamos o povo polaco por tomarem decisões ousadas e compassivas que priorizem o bem-estar animal, especialmente em tempos de incerteza e polarização”, diz, em nota, Thomas Peitsch, responsável pela pasta da indústria das peles com pelo na Four Paws.
Embora “muitas das principais marcas de moda” tenham já banido dos seus produtos peles com pelos, “algumas, como a marca de luxo Fendi, continuam presas a práticas ultrapassadas”, aponta Peitsch, salientando que é objetivo da organização acabar com a produção em toda a UE.
Segundo análise recente, a Polónia, a Finlândia e a Grécia são dos maiores produtores de peles com pelo da UE, e em 2024 o total regional ascendeu a 6,3 milhões de peles, com um valor de vendas estimado de 183 milhões de euros.
O autor, o consultor Griffin Carpenter, que contou com contributos da Four Paws, da Fur Free Alliance, do Eurogroup for Animals e da Humane World for Animals, diz que a produção de peles com pelo na UE “tem declinado drasticamente na última década, parte de uma mais ampla tendência global”. Na UE, o número de “quintas” caiu 73% nos últimos 10 anos, o número de peles produzidas 86% e o valor das vendas 92%.
Com proibições em curso em seis Estados-membros, espera-se um declínio acrescido de 15% a 20% até 2028.
A produção de peles com pelo na UE não é lucrativa “há vários anos”, escreve Carpenter, indicando que o setor só continua a operar graças a subsídios públicos, e gera um valor acrescentado bruto negativo de 9,2 milhões de euros, “pelo que subtrai à economia da UE, ao invés de contribuir”.
O relatório alerta ainda para os custos ambientais da prática na região, especialmente derivados da poluição e do uso de recursos, estimados entre os 143 e os 226 milhões de euros por ano.
A ser aprovada, a lei proibirá a exploração de animais para produção de peles com pelos a partir de 2033, incluindo um período transitório de oito anos. A proibição não abrange os coelhos.