Parque Nacional de Maputo já sonha com leões e rinocerontes



O Parque Nacional de Maputo, a 90 minutos da capital moçambicana, reintroduziu desde 2010 cerca de 5.000 animais, de 14 espécies, e depois de anos anteriores de declínio já sonha em ter leões e rinocerontes num futuro próximo.

“De 2010 a esta parte trouxemos um pouco mais de 5.000 animais de 14 espécies diferentes, primeiros herbívoros e agora estamos a reintroduzir os carnívoros. Trouxemos algumas chitas, estamos agora com uma população de hienas e possivelmente teremos que trazer mais leopardos, que já existem em números muito pequenos. É esse é o plano”, explicou, em entrevista à Lusa, o administrador do parque, Miguel Gonçalves.

Com as emblemáticas girafas e elefantes que se passeiam habitualmente junto à estrada Nacional 1 (N1), o Parque Nacional de Maputo combina as vertentes de “mar e terra”, numa área total de 1.718 quilómetros quadrados.

Após o declínio provocado pela caça furtiva e a guerra civil de 16 anos no país, o parque apostou fortemente na fiscalização e conta há cerca de 15 anos com o apoio da Peace Parks Foundation.

“Inicialmente investiu-se muito na fiscalização. Era um foco grande que sentimos e fiscalizar tem a ver com recursos humanos, com equipamentos e todo o investimento em veículos ao longo do tempo, nos últimos 15 anos, em veículos, embarcações, avionetas, helicópteros e, obviamente, recursos humanos de treinamento. E equipar os nossos recursos humanos devidamente, os nossos fiscais neste caso”, detalhou.

“Quando sentimos que estávamos com uma proteção bastante boa já, começámos o programa de reintrodução de fauna, porque muita da fauna que existiu aqui anteriormente foi localmente extinta durante esse período”, recordou Miguel Gonçalves.

Agora, introduzir outras espécies, desde logo o leão, é uma “possibilidade” em cima da mesa no Parque Nacional de Maputo.

“Há discussões que estamos a ter. Por exemplo, aqui no Parque de Tembe [África do Sul] há leões e nós estamos conectados ao Parque de Tembe, e ainda temos a vedação internacional a separar. Nós ainda não estamos preparados para os ter, temos comunidades a residir no interior do parque, a nossa vedação ainda é muito porosa, porque os elefantes insistem em encontrar caminho, a gente muda o desenho da vedação e eles aprendem e encontram caminhos para sair. Portanto ainda não estamos preparados e seguros para ter leões, mas penso que esse será um objetivo”, assumiu.

E o mesmo se passa com rinocerontes: “Iremos ver. Vai depender muito das dinâmicas à volta da criminalidade à volta dos nossos rinocerontes. Mas já existiram rinocerontes aqui. Existe hoje um esforço muito grande de proteção e, consequentemente, financeiro, mas não é uma possibilidade de descartar”.

Até recentemente o Parque Nacional de Maputo contava com 181 famílias a residir no interior, mas através de um programa de saídas voluntárias esse número reduziu-se em 75%.

“Mas o maior problema do conflito é fora dos limites do parque. Principalmente entre o limite do parque e o rio Maputo, onde a disputa pela água e também porque os solos mais férteis aqui na nossa zona estão, então, nos períodos em que as pessoas começam a cultivar e a fazer as suas machambas, os elefantes já sabem e têm uma tendência para ir. Temos 13 jovens que chamamos fiscais comunitários, que são treinados para fazer o afugentamento dos elefantes das zonas de residência das comunidades”, concluiu.

Oficialmente, o atual Parque Nacional de Maputo foi criado em 07 de dezembro de 2021, juntando duas áreas protegidas contíguas historicamente estabelecidas: A Reserva Especial de Maputo (1.040 quilómetros quadrados na componente terrestre) e a Reserva Marinha Parcial da Ponta do Ouro (678 quilómetros quadrados).

A área marinha protegida estende-se desde a Ponta do Ouro, na fronteira sul com a África do Sul, até a foz do Rio Maputo, a norte, e por três milhas náuticas para o alto mar.





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