Partículas em suspensão nos rios não chegam à Grande Barreira de Coral



Publicado na Nature Communications, o estudo, realizado em colaboração com a James Cook University e a Western Sydney University, fornece três linhas de evidência (impressões digitais isotópicas, estruturais e genéticas) para mostrar, pela primeira vez, que o componente orgânico da matéria particulada em suspensão que causa problemas de qualidade da água na lagoa da Grande Barreira de Coral é produzido localmente por fitoplâncton marinho e não tem origem terrestre.

“O escoamento dos rios é geralmente considerado como a maior fonte de partículas em suspensão ricas em matéria orgânica na zona terrestre do recife, contribuindo para uma elevada turbidez e para a exposição a poluentes e aumentando a vulnerabilidade do recife de coral às alterações climáticas”, afirmou o Professor Chengrong Chen, diretor do Grupo de Investigação em Biogeoquímica Ambiental do Solo e do Centro de Resíduos 4R do Instituto Australiano dos Rios.

“O atual plano de melhoria da qualidade da água para a Grande Barreira de Coral (o Plano Recife 2050) centra-se principalmente na mitigação das fontes terrestres, mas, como mostram os nossos resultados, a matéria particulada em suspensão no recife tem uma origem marinha e não terrestre”, esclarece.

Utilizando técnicas avançadas de impressão digital, este estudo revelou uma rápida mudança na composição isotópica, estrutural e genética das partículas em suspensão desde a bacia de captação até ao recife e, em particular, nas zonas de mistura rio-estuário.

“As impressões digitais genéticas e biogeoquímicas avançadas da matéria particulada em suspensão que analisámos eram completamente diferentes no ambiente marinho das de origem terrestre”, afirmou Mohammad Bahadori, autor principal e investigador adjunto do Australian Rivers Institute.

Partículas em suspensão mais consistentes com as formadas localmente pelo fitoplâncton marinho

“As assinaturas genéticas e biogeoquímicas das partículas em suspensão na lagoa da Grande Barreira de Coral eram mais consistentes com as formadas localmente pelo fitoplâncton marinho”, acrescentou.

Segundo o autor principal, “isto indica que as entradas terrestres, provenientes do escoamento dos rios, da erosão e de outras fontes a montante, são quase exclusivamente depositadas perto da foz dos rios, onde são decompostas por numerosos processos bióticos (degradação biológica) e químicos (oxidação fotoquímica) em resposta aos fortes gradientes físico-químicos e biológicos”.

Ao contrário do que se acreditava há muito tempo, muito pouco material suspenso nas colunas de água dos rios, se é que existe algum, é transportado para o ambiente dos recifes. Estes resultados são uma revelação no que respeita à gestão e regulamentação da água na Grande Barreira de Coral.

“Este trabalho tem implicações significativas no mundo real porque o atual Programa de Melhoria da Qualidade da Água do Recife 2050 pode ter subestimado a contribuição das partículas em suspensão derivadas do mar para o declínio da qualidade da água na Grande Barreira de Coral”, explicou Bahadori.

“Acreditamos que este estudo abrirá um novo capítulo na pesquisa relacionada à melhoria da qualidade da água no recife e pode causar uma mudança de paradigma no atual plano de melhoria da qualidade da água e direcionar a pesquisa futura, planos estratégicos e investimentos para práticas de gestão mais bem direcionadas para mitigar o impacto do material particulado suspenso derivado do mar na Grande Barreira de Corais”, conclui.





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