Peixes-palhaços “encolhem” para enfrentar ondas de calor marinhas

Se a mais recente descoberta sobre peixes-palhaços fosse integrada numa nova versão do filme que os catapultou para a fama, encontrar o Nemo talvez fosse ainda mais difícil.
Um grupo de investigadores das universidades de Newcastle e Leeds, no Reino Unido, e de Boston, nos Estados Unidos da América, descobriu que os peixes-palhaços da espécie Amphiprion percula tornam-se mais pequenos para enfrentarem ondas de calor marinhas, fenómenos extremos que resultam dos efeitos das alterações climáticas.
Nas águas tropicais de Kimbe Bay, na Papua Nova Guine, no sudoeste do Oceano Pacífico, os cientistas mediram o comprimento de 134 peixes-palhaços todos os meses durante cinco meses durante uma onda de calor marinha que ocorreu nessa região em 2023.
Num artigo publicado esta semana na revista’ Science Advances’, revelam que, do total de peixes estudados, 100 “encolheram” durante esse período em resposta ao aumento da temperatura da água e dizem que essa tática aumenta até 78% as hipóteses de sobrevivência de um indivíduo ao stress térmico.
Melissa Versteeg, primeira autora do estudo, explica, em comunicado, que, embora ainda não se saiba ao certo como é que os peixes-palhaços reduzem o seu tamanho, esse tipo de resposta a pressões ambientais não é inédito no reino animal. Por exemplo, sabe-se que as iguanas marinhas (Amblyrhynchus cristatus), o único lagarto do mundo que passa parte da sua vida no oceano, são capazes de reabsorver parte dos seus ossos para encolherem quando as condições ambientais não são as mais favoráveis.
A investigadora confessa que foi com surpresa que algo semelhante foi registado nos peixes-palhaços, que os investigadores entendem como sendo uma forma de esses animais se adaptarem “a um ambiente em mudança” e uma técnica eficaz que os ajuda a sobreviver a eventos ambientais extremos.