Pelagem do urso-polar inspira camisola que aquece tanto quanto um quispo e é muito menos grossa
Uma equipa de investigadores da Universidade Zhejiang, na China, desenvolveu uma camisola feita a partir de um novo tipo de fibra inspirada no pêlo dos ursos-polares (Ursus maritimus). É tão quente quanto um quispo, mas tem apenas um quinto da sua espessura.
Num artigo divulgado na revista ‘Science’, a equipa revela que a fibra é feita de um material sintético leve, conhecido como aerogel, que imita a estrutura dos pêlos do animal, e é capaz de manter a sua capacidade térmica mesmo quando esticada até ao dobro do seu comprimento original. Embora as fibras de aerogel atualmente existentes só possam ser esticadas até 2% antes de ficarem danificadas, esta nova fibra pode ser esticada até 1000% do seu tamanho e recuperar a forma inicial.
Os cientistas explicam, no artigo, que a fibra pode ser lavada e tingida sem perder a sua robustez mecânica e que o protótipo de camisola que criaram tem um desempenho semelhante. Com esta nova técnica, querem tornar as fibras de aerogel mais duradouras, possibilitando a produção de roupa que seja, simultaneamente, mais leve, mais quente e mais resistente.
E porquê olhar para o urso-polar como fonte de inspiração? Porque são mestres da sobrevivência nos ambientes mais inóspitos do planeta, capazes de se manterem quentes mesmo em lugares com temperaturas tão baixas que seriam fatais para muitos organismos.
O pêlo do urso é composto por um núcleo poroso, que impede o calor de escapar, e é revestido por uma camada elástica, dura e impermeável, que mantém o corpo do animal quente e seco.
Para imitarem essa proeza da Natureza, os cientistas criaram a parte interna e porosa através de uma técnica conhecida como ‘freeze-spinning’. Os fios de fibra de aerogel foram depois revestidos com uma camada de poliuretano termoplástico, que costuma ser usado em roupas e equipamentos de desporto.
A equipa contou com a ajuda de voluntários para testar a capacidade de insulação térmica da camisola que criou. Para isso, os voluntários vestiram essa camisola, bem como um quispo, uma camisola de algodão de manga comprida e uma camisola de lã, e foram colocados numa sala com uma temperatura de 20 graus negativos.
Feitas as contas, os investigadores perceberam que a camisola ‘de urso-polar’ era a que apresentava a maior taxa de retenção de calor, seguida pelo quispo. A camisola de algodão era a que, do conjunto, apresentava uma menor capacidade de insulação térmica.
Apesar das descobertas, dizem que ainda estamos longe de ver nas prateleiras das lojas roupas feitas de fibras inspiradas no pêlo do urso-polar, uma vez que o processo para criar essas fibras é, para já, muito lento e consome muita energia. Mas os investigadores querem agora tornar o processo mais eficiente.