Penso cutâneo oferece nova esperança para salvar populações de rãs



Investigadores da La Trobe University, em Victoria, desenvolveram um método não invasivo para monitorizar hormonas em rãs — um avanço importante na luta para proteger estes anfíbios vulneráveis da extinção.

As populações de rãs em todo o mundo estão a diminuir a um ritmo alarmante devido à perda de habitat, às alterações climáticas, à poluição, às espécies invasoras e às doenças. Atualmente, 41% das espécies encontram-se ameaçadas. As hormonas desempenham um papel central na reprodução e na resposta ao stress, fatores essenciais para a sobrevivência; no entanto, estudá-las tem sido difícil porque os métodos tradicionais, como a recolha de sangue, são invasivos e causam ainda mais stress aos animais.

A solução agora apresentada recorre a pequenos pensos capazes de recolher secreções hormonais da pele, permitindo monitorizar a saúde e a reprodução de forma simples e sem perturbar os animais.

Desenvolvido por cientistas do laboratório WiCRE (Wildlife Conservation and Reproductive Endocrinology Lab) da La Trobe, em colaboração com a University of Wollongong, o novo método representa um avanço significativo no acompanhamento de anfíbios. O estudo, publicado na Frontiers in Conservation Science, demonstra que estes pensos cutâneos medem de forma fiável os níveis hormonais, fornecendo informação crucial sobre o bem-estar das rãs sem necessidade de procedimentos invasivos.

A equipa, liderada pelas investigadoras Alicia Dimovski e Kerry Fanson, optimizou a técnica e comprovou que os pensos conseguem detetar variações relevantes nos níveis de testosterona, testando-os em rãs arborícolas dos Montes Azuis.

Uma rã-arborícola dos Montes Azuis com um penso dérmico desenvolvido por cientistas da La Trobe University

“O estudo mostra que os pensos dérmicos conseguem medir eficazmente os níveis hormonais em rãs, com perturbação mínima para o animal”, afirma Dimovski. “É um grande passo para compreendermos melhor a biologia destes animais e reforçarmos os esforços de conservação”, aponta.

As rãs desempenham um papel fundamental nos ecossistemas e possuem valor cultural e intrínseco. Com tantas espécies em risco, torna-se urgente melhorar as ferramentas de monitorização do seu estado de saúde.

“Esperamos que esta investigação apoie programas de reprodução para conservação e contribua para a sobrevivência a longo prazo destes animais extraordinários”, acrescenta Dimovski.

Os investigadores acreditam que a técnica poderá ser facilmente aplicada a outras espécies de rãs, como a rã-malhada-dos-pântanos. O trabalho contou também com a colaboração de Aimee Silla, da Evolution and Assisted Reproduction Laboratory da University of Wollongong.






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