Pensos para ferimentos em kits de primeiros socorros podem ajudar a identificar espécies de tubarões após incidentes



Os cientistas revelaram que os pensos para ferimentos encontrados em kits de primeiros socorros podem ser utilizados de forma fiável para identificar as espécies de tubarões envolvidas em incidentes com mordeduras, utilizando gaze médica para recolher amostras de ADN de equipamento aquático, como pranchas de surf.

A investigação da Universidade de Flinders mostra que este novo método de recolha pode melhorar a forma como os incidentes relacionados com tubarões são investigados e pode fornecer informações precisas e atempadas sobre as espécies que utilizam o equipamento de primeiros socorros habitualmente transportado por surfistas, barqueiros e equipas de emergência.

O estudo publicado na revista Forensic Science International: Genetics incluiu investigadores da Universidade de Flinders, do Departamento de Indústrias Primárias de Nova Gales do Sul e do Departamento de Agricultura e Pescas de Queensland, e baseia-se em três incidentes com tubarões distintos, após os quais foram obtidas amostras de esquis de surf e de uma prancha de surf.

Utilizando o método de teste PCR popularizado pela COVID-19, mostraram que uma abordagem semelhante que utiliza uma gaze médica para recolher amostras de tecido orgânico e de ADN de mordeduras de tubarão funciona de forma brilhante.

Os investigadores identificaram com êxito a espécie de tubarão responsável por cada mordidela em três incidentes distintos na Austrália e na África do Sul, incluindo um exemplo que ocorreu mais de um mês após o incidente.

A equipa também testou a eficácia da gaze comum em comparação com as zaragatoas forenses especializadas, normalmente utilizadas para recolher material genético de mordeduras de tubarão. Verificaram que tanto a gaze como as zaragatoas funcionavam bem para identificar a espécie de tubarão.

A importância da rápida identificação das espécies de tubarão

A autora principal do estudo, Belinda Martin, da Faculdade de Ciências e Engenharia da Universidade de Flinders, afirma que a rápida identificação das espécies de tubarão é importante para produzir informações exatas que possam orientar futuras medidas de prevenção e reduzir o número de incidentes com tubarões.

“As interações entre humanos e tubarões causam ansiedade no público, especialmente após mordeduras fatais, pelo que a identificação das espécies envolvidas, embora difícil, é essencial para fornecer informações às vítimas e às comunidades, mas os relatos de testemunhas oculares nem sempre são precisos porque as pessoas estão a lidar com o trauma após o evento, pelo que testámos e validámos uma nova abordagem para recolher ADN utilizando gaze normal encontrada em kits de primeiros socorros”, explicou.

“Esta abordagem é importante para fornecer uma nova técnica de recolha de ADN e será de interesse para os socorristas, incluindo surfistas, salva-vidas, polícia e paramédicos, bem como para a comunidade em geral”, acrescentou.

“Enquanto os seres humanos se envolverem em atividades marinhas, as interações tubarão-homem continuarão e, embora a probabilidade de tais interações continue a ser incrivelmente baixa, as mordeduras de tubarão afetam profundamente as vítimas, a família e os amigos da vítima, as testemunhas e as comunidades quando ocorrem”, disse ainda.

O coautor, Michael Doane, da Universidade de Flinders, afirma que o método de teste pode fornecer amostras horas a dias após uma mordidela de tubarão, que podem ser utilizadas para identificar a espécie de forma fiável.

“Mostrámos que a utilização de gaze, que está amplamente disponível e acessível, é uma alternativa simples e eficaz às zaragatoas estéreis de qualidade forense. Por conseguinte, encorajamos a utilização de gaze como meio de recolha de ADN pelos socorristas, incluindo os salva-vidas do surf, a polícia e os socorristas”, explicou.

“Recomendamos que os socorristas recolham amostras para análise genética utilizando gaze esterilizada do local da mordedura, logo que seja razoável, para limitar a contaminação ou a perda de ADN e aumentar a probabilidade de identificação da espécie”, concluiu.





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