Polis diz que galgamentos da ria em cultivos de Ovar resultam da proteção de habitats
A Polis Litoral Ria de Aveiro disse hoje que as inundações pontuais que ainda ocorrem em terrenos agrícolas de Ovar após as obras executadas por essa sociedade resultam de limitações impostas à empreitada para preservação de habitats vegetais.
A posição da Polis foi comunicada à Lusa depois de questionada quanto às críticas que o PCP de Ovar fez na semana passada à intervenção levada a cabo na zona da Marinha.
O PCP alega que, após os trabalhos de transposição de sedimentos para otimização do equilíbrio hidrodinâmico da zona, “os terrenos agrícolas continuam a ser alagados por águas salobras, destruindo a sua produção; as estradas continuam a ser alagadas pelas águas da ria, dificultando o acesso a algumas habitações e chegando mesmo, em situações extremas, a isolar algumas casas durante horas; e muitas habitações continuam sob ameaça de inundação”.
Fonte oficial da Polis declarou que, apesar da existência de galgamentos de água “em alturas pontuais”, no geral “a intervenção veio melhorar significativamente a proteção de vários terrenos daquela zona”.
Segundo essa entidade, nas áreas concretas da Marinha e da Tijosa, a empreitada de desassoreamento realizada por cerca de 850.000 euros “entre os anos de 2019 e 2020” envolveu “dragagem dos canais, repulsão, modelação das motas de proteção e construção de paliçadas de contenção”, com a respetiva deposição de sedimentos nas margens.
Ficou por executar, contudo, uma parte do projeto inicial, após os riscos detetados na avaliação da conformidade ambiental do procedimento pela comissão constituída por Agência Portuguesa do Ambiente (APA), Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), Direção-Geral do Património Cultural DGPC), Laboratório Nacional de Energia e Geologia, Centro de Ecologia Aplicada Baeta Neves e Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDR-C).
“O prolongamento das motas, de forma a criar uma barreira contínua aos terrenos, não foi aprovado pela Comissão de Avaliação com a justificação de que ‘iria afetar, de modo irreversível, áreas ocupadas por comunidades vegetais que constituem o Habitat 1410 – Prados salgados mediterrânicos (Juncetalia maritimi), que servem de habitat a várias espécies da flora e da fauna com interesse para a conservação da natureza’”, realçou a Polis.
Para essa instituição, o que importa salientar, ainda assim, é que a Polis concretizou na Marinha e na Tijosa “mais de oito quilómetros de motas de proteção”, pelo que, mesmo com inundações pontuais por altura das marés vivas, a obra resultou no equilíbrio possível entre, “por um lado, a premência de proteção de pessoas e bens e, por outro, [a necessidade] de manter os referidos habitats”.