Poluição: Cientistas alertam que filtros nos tubos de escape têm “impacto limitado” nas partículas ultrafinas



As partículas expelidas pela combustão do gasóleo e da gasolina nos motores dos automóveis são uma das principais causas da degradação da qualidade do ar, sobretudo em cidades com elevados níveis de tráfego. Os tubos de escape da maioria dos carros têm hoje filtros que pretendem reter essas partículas sólidas, mas os cientistas dizem que não é uma solução totalmente eficiente.

Num artigo publicado este mês na revista ‘Environment International’, uma equipa de investigadores da Universidade de Birmingham, no Reino Unido, explica que esses filtros, apesar de impedirem a emissão da maioria das partículas finas sólidas de maiores dimensões, são menos eficientes na filtração de partículas líquidas ultrafinas, com menos de 100 nanómetros.

Embora reconheçam que a Organização Mundial da Saúde (OMS) não emitiu ainda orientações sobre os níveis seguros de partículas ultrafinas, é hoje já praticamente consensual que a poluição por partículas geradas pela combustão fóssil está associada a uma série de problemas de saúde, especialmente a nível cardíaco e respiratório.

Roy Harrison, principal autor do artigo, explica que este estudo “mostra claramente que os filtros que atualmente são amplamente usados não são eficazes contra estas partículas mais pequenas” e sublinha que em Londres, por exemplo, medições feitas apontam para concentrações elevadas e que são motivo de preocupação.

“Concentrações elevadas de partículas ultrafinas são provavelmente um fenómeno amplo e persistente”, afirma o investigador, argumentando que para reduzir a degradação da qualidade do ar será preciso aumentar o número de carros elétricos em circulação e reduzir os veículos a combustão, bem como aplicar medidas que procurem atenuar as emissões dos veículos a diesel.

Analisando dados recolhidos pela estação de monitorização da qualidade do ar de Marylebone Road, na capital britânica, os investigadores constataram que nessa cidade a concentração de partículas de maiores dimensões foi reduzida em 81% entre 2014 e 2021, acreditando que tal se deve à obrigatoriedade da instalação de filtros nos tubos de escape dos automóveis.

Contudo, a concentração de partículas ultrafinas apenas diminui 26% no mesmo período, sendo que a concentração das partículas mais pequenas, com menos de 30 nanómetros, se manteve inalterada, “indicando que os filtros não são eficazes contra estes tipos de partículas”, defendem os cientistas.





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