Pombos veteranos voam melhor com um companheiro novato



Um modelo informático demonstra que, quando as aves mais velhas e mais novas são emparelhadas, o desejo de proximidade social conduz a uma melhoria geracional das trajetórias de voo.

Um novo estudo conduzido por Edwin Dalmaijer, um neurocientista cognitivo da Universidade de Bristol, no Reino Unido, analisou as influências sociais nas rotas de voo dos pombos.

Comparando os padrões de voo de pares de pombos com um modelo informático, o investigador descobriu que as rotas de voo são melhoradas à medida que as aves mais jovens aprendem a rota com as aves mais velhas e também fazem melhorias na rota, conduzindo a rotas globalmente mais eficientes ao longo das gerações. O estudo foi publicado na revista PLOS Biology.

Os pombos são conhecidos pela sua capacidade de viajar longas distâncias para locais específicos. Tal como muitas aves, navegam utilizando o sol e sentindo o campo magnético da Terra. Embora estes sentidos ajudem os pombos a orientarem-se, normalmente não geram as rotas mais eficientes.

Dalmaijer reuniu dados de estudos publicados anteriormente em que pombos que estavam familiarizados com uma rota foram emparelhados com pombos que não tinham voado na rota anteriormente. Estes dados demonstraram que quando o pombo inexperiente é introduzido, o par voa numa rota mais direta para o seu destino.

No entanto, estes estudos anteriores não conseguiram determinar como é que as aves emparelhadas geram rotas mais eficientes.

Dalmaijer comparou os dados de voo dos pombos com um modelo informático que dava prioridade a quatro fatores principais. Estes quatro fatores representam o que pode estar envolvido na escolha de uma rota de voo com um mínimo de cognição, incluindo: a direção para o objetivo, representando a bússola interna da ave; a proximidade do outro pombo; a rota recordada; e a consistência geral, uma vez que é pouco provável que as aves façam curvas erráticas.

No modelo, as aves simuladas, designadas por “agentes”, efetuaram mais de 60 viagens. A cada 12 viagens, um dos agentes era substituído por um outro que não tinha feito a viagem anteriormente, simulando uma ave jovem. O resultado foi um aumento geracional na eficiência das rotas de voo.

Estas melhorias são semelhantes às observadas nos dados da vida real dos pares de pombos, embora os mesmos não correspondam à versão mais otimizada do modelo, provavelmente porque os pombos são influenciados por fatores adicionais que o modelo não conseguiu ter em conta.

Quando alguns dos parâmetros do modelo foram removidos, como a memória da rota ou o desejo de estar perto do outro pombo, não houve melhoria geracional. “Estes resultados sugerem que a melhoria gradual entre gerações pode ocorrer quando os indivíduos procuram simplesmente a proximidade dos outros”, afirmou Dalmaijer.

Descobertas podem ser aplicáveis a outras espécies

O modelo demonstra a aprendizagem em ambas as direções. Como esperado, o agente mais jovem beneficia do agente mais velho ao aprender o percurso.

No entanto, também mostra que o agente mais velho beneficia do agente mais novo. Uma vez que os agentes mais jovens não estão a seguir uma rota interna, estão mais orientados para o destino final. O desejo dos agentes de proximidade social entre os dois equilibra estes fatores, conduzindo a um percurso globalmente mais eficiente.

Além disso, estas descobertas podem ser aplicáveis a outras espécies para além dos pombos, como as formigas e alguns tipos de peixes, que também fazem viagens com base na memória e em fatores sociais.

Dalmaijer conclui: “Cresci nos Países Baixos, numa cidade onde os pombos entram constantemente no tráfego de bicicletas em sentido contrário, pelo que não tenho a melhor opinião sobre o intelecto dos pombos. Por um lado, este estudo confirma essa opinião, ao mostrar que a melhoria gradual da eficiência dos trajetos também se verifica em agentes artificiais “burros”. Por outro lado, ganhei um enorme respeito por todo o trabalho impressionante feito na navegação dos pombos e na cultura cumulativa, e até um pouco pelo humilde pombo (desde que se mantenha afastado da minha bicicleta).”





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