Povo que viveu na Europa há mais de 25 mil anos pode ter sido dos primeiros a usar piercings faciais

Conhecidos como pavlovianos, um grupo de humanos recolectores que viveu na Europa Central durante o Paleolítico Superior, há mais de 25 mil anos, pode ter sido dos primeiros a fazer modificações corporais permanentes, ao usar piercings faciais, também conhecidos como “labrets”.
A descoberta foi feita por John Charles Willman, investigador do Centro de Investigação em Antropologia e Saúde, da Universidade de Coimbra, e foi publicada recentemente na revista ‘Journal of Paleolithic Archaeology’.

Foto: Willman, 2025
A conclusão resulta do estudo minucioso de marcas de desgaste nos dentes molares, pré-molares e caninos de fósseis humanos atribuídos ao povo pavloviano, que sugerem que essas pessoas usavam adornos faciais que atravessam, por exemplo, os lábios e a bochechas, desgastando os dentes devido à fricção.
O investigador acredita que esta é uma das provas mais antigas de modificação corporal encontradas até hoje.
“Examinámos os restos humanos de vários sítios arqueológicos pavlovianos e comparámos os padrões de desgaste dentário com exemplos etno-históricos e bioarqueológicos modernos”, explica Willman, citado em comunicado.
“Os dentes maxilares mostraram-se mais afetados do que os mandibulares, sendo os primeiros molares maxilares os mais visivelmente desgastados”, detalha.
Com base nos resultados obtidos, Willman considera que os pavlovianos usavam piercings faciais ao longo de toda a vida, uma vez que padrões de desgaste semelhantes foram encontrados nos dentes de indivíduos de várias idades, desde crianças a adultos, passando pelos adolescentes. Isso também sugere que era uma prática cultural amplamente difundida entre os pavlovianos.
“Se esta hipótese se confirmar, a descoberta fornecerá informações fascinantes sobre a forma como os povos do Paleolítico Superior moldavam a sua identidade através da modificação corporal”, salienta Willman. O autor está convicto de que “este estudo não só amplia o conhecimento sobre os comportamentos sociais dos pavlovianos, como também sugere que a prática de adornar o corpo pode ter raízes muito mais antigas do que se pensava”.