PR moçambicano admite suspender mineração em Manica perante “desastre ambiental”

O Presidente moçambicano, Daniel Chapo, disse hoje que a mineração está a causar um “desastre ambiental” na província de Manica, centro do país, admitindo a possibilidade da suspensão total da atividade.
“O que está a acontecer em Manica, já disse publicamente, é praticamente um desastre ambiental e nós não podemos permitir que isto aconteça, porque põe em causa não só a vida selvagem, mas estamos a falar também da vida vegetal, a vida dos próprios animais domésticos, como gado bovino, gado caprino, que têm que beber água, e ao próprio ser humano”, disse o chefe de Estada, em declarações aos jornalistas.
Daniel Chapo falava à margem da outorga do título de Doutora Honoris Causa à antiga combatente da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder desde 1975) Marina Pachinuapa pela Universidade Púnguè, em Manica, garantindo que as autoridades governamentais vão continuar com ações para travar a poluição do meio ambiente, sobretudo dos rios, causada pela mineração naquela região.
“Vamos tomar medidas duras, mesmo que seja para suspender as atividades, vamos ter que suspender, e nós já falamos acerca disso, para que possamos repor o ambiente”, disse Daniel Chapo.
A governadora da província de Manica disse, em 10 de setembro, que serão suspensas, por tempo indeterminado, as atividades de todas as empresas mineradoras na região, para salvaguardar a saúde pública e “reorganizar” os leitos dos rios.
“Acima de tudo está a vida humana, a saúde pública é que está em causa. Razão pela qual temos que suspender temporariamente”, disse Francisca Tomás.
Segundo a responsável, a suspensão, por tempo indeterminado, da exploração na província vai permitir a “reorganização” do leito dos rios, poluídos pela atividade mineira.
Em 19 de agosto a Lusa noticiou que as autoridades moçambicanas multaram mais seis mineradoras por poluição, elevando para 11 o número destas empresas penalizadas por crimes ambientais na província de Manica.
“Na semana passada, enquanto realizávamos a reunião nacional de aprimoramento de estratégia para a mitigação dos problemas ambientais, que decorreu aqui na província de Manica, fizemos visitas de campo, onde constatámos que ainda existem empresas que violam a lei”, disse naquela data Grácio Cune, inspetor nacional de minas.
O Presidente de Moçambique já havia anunciado em maio a suspensão das atividades de cinco empresas mineradoras na província de Manica, por crimes ambientais e poluição.
Chapo alertou na altura que a poluição dos rios dificulta a atividade agrícola, levando mesmo à morte de animais e pessoas naquela província.
“Por causa do garimpo, todos os rios estão poluídos (…), neste momento suspendemos cinco empresas que estão a cometer este crime ambiental, porque as atividades que estão a realizar estão a estragar o meio ambiente”, disse na altura o chefe de Estado.
O Presidente adiantou que, além da suspensão das atividades, as mineradoras serão obrigadas a pagar multas pelos crimes cometidos.
“Se continuarem a poluir o ambiente, até as máquinas que estão lá vamos recolher e até vender em hasta pública”, declarou em maio o Presidente moçambicano.