Prémios Goldman: são seis os vencedores do “Nobel do Ambiente” de 2020
Quatro mulheres e dois homens foram escolhidos este ano para receber os prémios Goldman, considerados o Prémio Nobel do Ambiente, pelos seus esforços para proteger e melhorar o ambiente, muitas vezes acarretando risco pessoal.
Os vencedores desta edição são Leydy Pech (México), Kristal Ambrose (Bahamas), Paul Sein Twa (Mianmar), Lucie Pinson (França), Chibeze Ezekiel (Gana) e a equatoriana Nemonte Nenquimo, líder da nação indígena Waorani.
Os vencedores do Prémio Ambiental Goldman são selecionados por um júri internacional através de votos confidenciais de personalidades e organizações ambientais.
Em defesa da Amazónia
A líder Waorani, Nemonte Nenquimo, foi premiada pela sua contribuição para a defesa da natureza e dos direitos ancestrais.
Nenquimo liderou uma campanha indígena e uma ação legal que levou a uma decisão judicial para proteger mais de 200 mil hectares da floresta amazónica e do território Waorani da extração petrolífera, afirma a organização no seu site.
Acredita-se que a sua liderança e o processo judicial abriram um precedente para a defesa dos direitos indígenas no Equador, o que levou outras tribos a seguirem os seus passos para proteger outras áreas florestais da extração de petróleo.
No comunicado emitido pelos Prémios Goldman, é relembrado que Nenquimo foi recentemente reconhecida pela revista TIME como uma das 100 pessoas mais influentes do mundo e pela BBC como uma das 100 mulheres mais inspiradoras.
Hoje composto por cerca de 5.000 membros, o território Waonrmi, reduzido a 10% do que era, inclui o Parque Nacional Yasuní, uma das áreas de maior biodiversidade do planeta, mas que está ameaçada pela extração petrolífera, conforme relatado por organizações indígenas e ambientais.
“Recebo o prémio (em nome da) luta coletiva do meu povo para proteger o que amamos: o nosso modo de vida, o nossos rios, animais, as nossas florestas, a vida na Terra”, disse a vencedora em comunicado.
O Prémio é também monetário, e Nenquimo pretende dedicar este valor à luta de seu povo.
A defender o Gana
Chibeze Ezekiel do Gana empreendeu uma campanha que durou quatro anos até que a construção de uma central elétrica movida a carvão de 700 megawatts (MW) e um porto de embarque adjacente para importar carvão fosse cancelada.
A central elétrica a carvão teria sido a primeira de Gana, e o ativismo de Ezequiel, explica a organização dos Prémios Goldman, impediu a indústria do carvão de entrar em Gana e desviou o futuro energético do país do carvão.
Pelo fim do plástico
Kristal Ambrose, (Bahamas) ganhou reconhecimento depois de convencer com sucesso o governo das Bahamas através do ativismo juvenil a proibir sacos de plásticos descartáveis, talheres de plástico, palhinhas, recipientes e copos de poliestireno. Anunciada em abril de 2018, a proibição nacional entrou em vigor em janeiro de 2020.
Soja geneticamente modificada
Leydy Pech, do México, é uma apicultora maia indígena que liderou uma coligação que interrompeu com sucesso o plantio de soja geneticamente modificada da Monsanto no sul do México. O tribunal supremo do México decidiu que o governo violou os direitos constitucionais dos maias e suspendeu o plantio de soja geneticamente modificada.
Devido à persistência de Pech, em setembro de 2017, o Mexican Food and Agricultural Service revogou a permissão da Monsanto para cultivar soja geneticamente modificada em sete estados.
Financiamento de carvão
Lucie Pinson (França). Em 2017, o ativismo de Pinson fez lobby com sucesso nos três maiores bancos de França para remover o financiamento de novos projetos de carvão e empresas de carvão.
Pinson então forçou as seguradoras francesas a fazerem o mesmo: entre 2017 e 2019, as megasseguradoras AXA e SCOR anunciaram planos para encerrar a cobertura de seguros para projetos de carvão.
Preservar o rio
Paul Sein Twa (Mianmar) liderou o seu povo para estabelecer um parque da paz com mais de um milhão de hectares, uma abordagem comunitária única e colaborativa para a conservação, na bacia do rio Salween.
A bacia do rio Salween é uma área de grande biodiversidade e lar do povo indígena Karen, que há muito procura autodeterminação e sobrevivência cultural. O novo parque representa uma grande vitória pela paz e conservação em Mianmar.