Produção animal no hemisfério norte será mais afetada pelas alterações climáticas do que no sul

Os animais criados no hemisfério norte da Terra são e continuarão a ser mais afetados pelas alterações climáticas do que os mesmos animais no hemisfério sul.
Num artigo publicado na revista ‘Environmental Impact Assessment Review’, os investigadores, liderados pela Universidade de São Paulo (Brasil), apontam que os ruminantes, como ovelhas, cabras e vacas, na metade norte do planeta serão os mais impactados pelas subidas da temperatura projetadas para 2050, 2075 e 2100. O calor crescente levará esses animais a terem frequências respiratórias (o número de respirações por minuto) até 68% mais elevadas do que as dos seus contrapartes no hemisfério sul.
O estudo avança também que as vacas criadas para leite serão os ruminantes mais vulneráveis ao stress térmico no hemisfério sul, prevendo-se que as cabras e as vacas criadas para carne serão mais resilientes ao calor devido ao que os cientistas chamam de “plasticidade fenotípica”, que ajuda esses animais a mais facilmente se adaptarem a mudanças nas condições ambientais.
Ainda no hemisfério sul, a investigação indica as aves de capoeira e as codornizes como os animais de produção mais vulneráveis ao calor, prevendo-se um aumento de até 40% da frequência respiratória até 2100.
“Com as temperaturas globais a aumentarem e os eventos climáticos a tornarem-se mais extremos, será necessário desenvolver raças resistentes e adaptáveis, bem como ambientes de alto nível de produção com controlo térmico”, explica, em comunicado, Iram José Oliveira da Silva, um dos principais autores do artigo.
Para chegarem a estas conclusões, os investigadores analisaram dados referentes ao Brasil, Itália e Espanha, que incluíam informações sobre a capacidade de adaptação de cada tipo de animal, cruzando-as com as previsões climáticas para os dois hemisférios.
Embora reconheçam que o hemisfério norte tem uma maior produtividade animal e que será mais afetado pelas alterações climáticas, a equipa salienta que o sul deverá também investir na adaptação dos animais criados, como a reprodução seletiva e a conservação de raças locais, para zelar pela segurança alimentar num planeta cada vez mais quente e com cada vez mais humanos.