Projecto Fruta Feia já evitou desperdício de 239.785 quilos de frutas e hortaliças
O projecto Fruta Feia, que arrancou em Novembro de 2013 e tem como objectivo canalizar uma parte da produção fruto-hortícola desperdiçada até aos consumidores – a chamada fruta feia, que apesar de ser saborosa e de qualidade tem aspecto imperfeito em termos de cor, formato e calibre – já evitou o desperdício de 239.785 quilos das frutas e hortaliças.
Segundo o Protege o que é Bom, o projecto é vocacionado para os consumidores “que não julgam a qualidade pela aparência” e pretende criar “um mercado que gere valor e combate tanto o desperdício alimentar como o gasto desnecessário dos recursos utilizados na sua produção: água, energia e terrenos agrícolas”.
“Numa sociedade em que cada vez há mais pobreza e mesmo alguma fome, temos a situação irónica e triste de cerca de 30% da fruta produzida em Portugal ser desperdiçada pois, apesar de ser saborosa e de qualidade, não tem o aspecto perfeito em termos de cor, formato e calibre que a grande distribuição procura e que os consumidores escolhem”, explica o site.
Hoje, a Fruta Feia conta com dois pontos de entrega em Lisboa e um na Parede, 51 agricultores, 800 consumidores associados. Todas as semanas, o projecto evita que cerca de 4 toneladas de fruto-hortícolas vão parar ao lixo.
Segundo a FAO, cerca de metade da comida produzida no mundo cada ano vai para o lixo. O actual desperdício alimentar nos países industrializados ascende a 1,3 mil milhões de toneladas por ano, suficientes para alimentar as cerca de 925 milhões de pessoas que todos os dias passam fome.
Este desperdício tem consequências não apenas éticas mas também ambientais, já que envolve o gasto desnecessário dos recursos usados na sua produção (como terrenos, energia e água) e a emissão de dióxido de carbono e metano resultante da decomposição dos alimentos que não são consumidos. Só em Portugal são desperdiçadas um milhão de toneladas de alimentos por ano – 17% do que é produzido pelo país – de acordo com as conclusões do PERDA apresentadas em Dezembro de 2012.
Os motivos para este desperdício são vários e ocorrem ao longo de toda a cadeia agro-alimentar. Modelos de produção intensivos, condições inadequadas de armazenamento e transporte, adopção de prazos de validade demasiado apertados e promoções que encorajam os consumidores a comprar em excesso, são algumas das causas que contribuem para o enorme desperdício actual.
Outro problema é a preferência dos canais habituais de distribuição por frutas e legumes “perfeitos” em termos de formato, cor e calibre que acaba por restringir o consumo aos alimentos que respeitam determinadas normas estéticas. Esta exigência resulta num desperdício de cerca de 30% do que é produzido pelos agricultores.
Foto: Rusty Clark – On the Air M-F 8am-noon / Creative Commons