Projeto de ‘bioparagem’ para elétrico em Lisboa vence prémios Novo Bauhaus Europeu
O projeto para uma ‘bioparagem’ de elétrico no Martim Moniz, em Lisboa, venceu um prémio Novo Bauhaus Europeu em Bruxelas, tendo a proposta para um parque urbano na zona junto ao Tejo ficado em segundo lugar.
“Nós já temos protótipos. A nossa grande ideia é tentar construir algo numa escala maior, e tentar mesmo implementar, ou seja, provar o nosso conceito, fazer uma implementação em Lisboa”, disse aos jornalistas Rita Morais, uma das responsáveis do projeto, após ser galardoada com o prémio, que vem com um ‘cheque’ de 15 mil euros.
Para a jovem, “um bom passo é também começar a falar com a Câmara de Lisboa, para também estabelecer como é que conseguiríamos envolver a comunidade nisto”, especialmente na parte da recolha de resíduos têxteis, e também para “investir na parte do equipamento”.
Denominado UrbanMYCOskin, o projeto de design biointegrado hoje galardoado em Bruxelas propõe utilizar micélio, organismo que decompõe matéria orgânica, para construir uma paragem de elétrico sustentável no Martim Moniz, aumentando a resiliência da praça ao clima.
O projeto foi vencedor na secção Estrelas Ascendentes, dentro da categoria Moldar um Ecossistema Industrial Circular e Apoiar a Reflexão Sobre o Ciclo de Vida.
“A base deste projeto é utilizar micélio como um organismo vivo capaz de decompor matéria orgânica e, neste caso, nós queríamos que fossem resíduos que existissem muito em cidades, como resíduos de agricultura ou dos têxteis”, disse à Lusa Rita Morais, criadora do projeto juntamente com a polaca Natalia Piorecka e a chilena Jennifer Levy.
O micélio “é capaz de decompor esses resíduos e criar um material sustentável para a arquitetura”, numa lógica de reaproveitamento de resíduos e de economia circular.
Ao longo do processo de decomposição, o organismo “vai criando uma rede e depois consegue criar algo como se fosse uma cola de material orgânico”, sólida, bem como painéis que depois podem ser utilizados em mobiliário urbano, como paragens.
Já a Hydroscape Lisbon, uma proposta de um parque urbano de 14 quilómetros na zona atualmente ocupada pelo porto de Lisboa, ficou em segundo lugar nos prémios Novo Bauhaus Europeus, na secção “Estrelas Ascendentes”, dentro da categoria “Reconectando-se com a Natureza”.
“A proposta reconstrói a paisagem de Lisboa com um parque urbano de 14 quilómetros ao longo da sua costa, e integra um centro de tratamento de águas e um banho público”, pode ler-se na descrição do projeto elaborado por Ioulia Vulgari, estudante de arquitetura na Escola de Artes de Glasgow, na Escócia.
A ideia segue uma abordagem de “recolher – tratar – fruir” a água do vale, que é recolhida, tratada através de tratamento mecânico e de zonas húmidas, e usada pelo banho público e pelo sistema de irrigação do parque, criando “um novo espaço verde público, reclamando o porto e o rio Tejo”.
“O parque urbano também promove a mobilidade sustentável, uma rede ciclável, transporte público e espaços caminháveis atrativos”, refere.
A proposta refere também a relação entre Lisboa e o rio Tejo, tendo o objetivo de “recuperar a relação recíproca entre estas duas entidades”, atualmente “interrompida pela presença massiva das linhas de comboio e de estradas da Área Metropolitana de Lisboa”.
A recriação do ciclo da lã em Barroso, no concelho de Montalegre (distrito de Vila Real), foi outro dos finalistas portugueses.
Em 2023, o projeto educativo Native Scientists, que leva cientistas às comunidades emigrantes e tem sede em Braga, foi o único dos seis finalistas portugueses a ser galardoado com os prémios Novo Bauhaus Europeu.
Os galardões Novo Bauhaus Europeu visam distinguir projetos ambientais, económicos e culturais que combinem sustentabilidade, acessibilidade de preços e investimento, para enquadrar a transição climática e a mudança cultural, como propõe o Pacto Ecológico Europeu.