Projeto europeu REDWine inaugura “laboratório vivo” em Palmela para dar nova vida aos resíduos vinícolas
O projeto europeu REDWine, do qual o Politécnico de Setúbal (IPS) é parceiro, acaba de inaugurar a sua Unidade de Demonstração na Adega Cooperativa de Palmela, uma biorrefinaria piloto capaz de transformar os resíduos da produção de vinho em biomassa de microalgas com aplicações industriais, foi divulgado em comunicado.
Segundo a mesma fonte, a cerimónia de abertura oficial, que decorreu no passado dia 19, contou com a presença do ministro da Agricultura e Pescas, José Manuel Fernandes, e da presidente da Câmara Municipal de Palmela, Ana Teresa Vicente, que se inteiraram deste projeto inovador, liderado pela AVIPE – Associação de Viticultores do Concelho de Palmela e que pretende demonstrar, em contexto real de adega, um modelo de economia circular replicável no setor vinícola europeu.
Financiado pelo programa Horizon 2020, o REDWine representa um investimento global de 7,5 milhões de euros, reunindo 12 parceiros internacionais da área da viticultura, biotecnologia, investigação e indústria. Neste consórcio, que se encontra a trabalhar desde 2021, o IPS tem envolvida uma equipa de quatro investigadoras da sua Escola Superior de Tecnologia do Barreiro (ESTBarreiro/IPS), liderada por Carla Amarelo Santos.
A sua contribuição técnica centrou-se essencialmente na conceção e implementação do “laboratório vivo” agora inaugurado, onde se fará a captura e aproveitamento do CO₂ e dos efluentes de fermentação, “permitindo reduzir em pelo menos 31% as emissões de gases com efeito de estufa associadas à produção vinícola, ao mesmo tempo que gera biomassa com elevado potencial de valorização industrial”, explica a investigadora principal.
Ao IPS cabe igualmente a produção de investigação aplicada sobre o cultivo de microalgas e a otimização dos processos de colheita de biomassa, bem como a avaliação da viabilidade técnica, económica e ambiental da integração das microalgas na cadeia de valor da adega.
O projeto pretende demonstrar, em última instância, “a viabilidade de um modelo tecnológico e económico inovador, que assenta na reutilização do CO₂ e efluentes das adegas para a criação de novos produtos, em setores como a alimentação humana, cosmética, agricultura (bioestimulantes) e enologia, fornecendo ingredientes valiosos para procedimentos como a clarificação do próprio vinho”, acrescenta a responsável.
Com conclusão prevista para dezembro de 2025, o REDWine tem ainda o potencial de gerar dezenas de novos postos de trabalho em unidades vinícolas de média dimensão, e de contribuir para a diversificação das fontes de receita dos produtores, reforçando a sua sustentabilidade e competitividade.