Projeto Ibérico vai mapear o cágado-de-cabeça-estriada no Planalto Mirandês



O projeto ibérico para a conservação do cágado-de-carapaça-estriada Water Bridges propõem-se monitorizar esta espécie de répteis em “perigo” durante um período de 18 meses na região do Planalto Mirandês e na de Madrid, em Espanha, foi hoje anunciado.

“Este réptil de água doce é um dos mais ameaçados da Europa e está perigosamente ameaçado em Portugal. Agora vamos monitorizar e mapear os habitats desta espécie de cágado através de um projeto ibérico de educação ambiental participativo e inovador centrado na conservação de um dos répteis mais ameaçados da Europa”, disse à agência Lusa o biólogo da Associação de Conservação do Ambiente Palombar Pedro Alves.

Segundo este especialista em répteis de água doce, “o cágado-de-carapaça-estriada (Emys orbicularis) é nativo da Península Ibérica e muito vulnerável às alterações climáticas.

“Esta é uma das duas espécies de cágados de água doce que se pode encontrar em Portugal, que estão em declínio, sendo que o cágado-de-carapaça-estriada corre mais perigo de extinção se nada for feito”, indicou Pedro Alves.

Esta iniciativa está a ser levada a cabo pela Associação Palombar, do lado português, numa área que abrange a zona transfronteiriça dos concelhos de Miranda do Douro, Mogadouro e Vimioso, no distrito de Bragança. Já do lado espanhol, o trabalho está a cargo Grupo de Rehabilitación de la Fauna Autóctona y su Hábitat, de Espanha, e está centrado na zona de Madrid.

“Serão dinamizadas ações formativas, participativas e colaborativas para mitigar os problemas ambientais e ecológicos que afetam a espécie em ambos os lados da fronteira, onde se destacam a destruição e fragmentação de habitats aquáticos, as alterações climáticas, a captura ilegal, a poluição e degradação da qualidade da água, a redução da conectividade entre populações e a presença de espécies exóticas invasoras”, vincou o biólogo português.

Agora, os investigadores ibéricos vão “mapear” as zonas onde nidifica e habita esta espécie na região do Planalto Mirandês (Portugal) e na zona de Madrid (Espanha).

“Este trabalho será executado com sessões de captura dos cágados, para a sua marcação, e perceber de futuro a evolução desta espécie nos seus habitats, para depois perceber se a população desta espécie de répteis está a crescer ou a diminuir ou se está estabilizada”, frisou.

O projeto Water Bridges pretende igualmente implementar atividades e métodos de aprendizagem presenciais e digitais que promovam o conhecimento e a recuperação desta espécie, bem como a caracterização e melhoria dos seus habitats como rios, ribeiras e charcos, e da biodiversidade que albergam.

Paralelamente, serão criados materiais pedagógicos e dinamizadas saídas de campo destinadas à sensibilização de crianças, adolescentes, jovens que não se encontram a trabalhar, a estudar ou em formação e idosos, reforçando a inclusão e o envolvimento comunitário na conservação desta espécie ameaçada.

No âmbito deste projeto, já foram promovidas várias reuniões com especialistas a nível ibérico, bem como com o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).

“A presença desta espécie de cágado é um indicador da boa qualidade das águas, já que se trata de um réptil necrófago que limpa as margens e os leitos de pequenos animais mortos. As suas crias alimentam-se de larvas de mosquitos, o que acaba por diminuir a presença destes insetos”, explicou.

Segundo Pedro Alves, com o envolvimento de toda a comunidade, este projeto pretende contribuir de forma decisiva para a conservação do cágado-de-carapaça-estriada em Portugal e Espanha.

Este projeto é financiado pelo programa Erasmus+ da União Europeia, cabendo ao lado português cerca de 20 mil euros.






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