Projeto vai desenvolver soluções para restaurar ‘habitats’ degradados ao longo da costa
Investigadores do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR) vão desenvolver soluções para reduzir as pressões antropogénicas sobre os ecossistemas aquáticos e marinhos, e restaurar os ‘habitats’ degradados ao longo da costa noroeste de Portugal.
Em declarações à agência Lusa, Ana Paula Mucha, investigadora daquele centro da Universidade do Porto, revelou hoje que o projeto OCEAN3R visa desenvolver soluções para reduzir “as pressões antropogénicas e restabelecer ecossistemas na costa noroeste de Portugal”.
“Queremos contribuir para a redução do impacto antropogénico, através do desenvolvimento de estratégias para a recuperação dos ecossistemas. Queremos que o conhecimento possa ser posto ao serviço da missão”, disse a investigadora e coordenadora do projeto.
O projeto, financiado pelo programa Norte 2020, vai ao encontro da “Missão Starfish 2030: Restaurar os nossos Oceanos e Águas”, lançada pela União Europeia no âmbito do programa Horizonte Europa.
Abraçando os três objetivos temáticos da missão – poluição zero, regeneração de ecossistemas aquáticos e descarbonização dos oceanos e águas interiores -, o projeto vai juntar 18 equipas de investigação do CIIMAR.
“Vamos ter uma equipa multidisciplinar e criar sinergias entre as diferentes linhas de investigação”, afirmou Ana Paula Mucha.
Relativamente à temática da poluição zero, o projeto vai dar resposta às principais fontes de poluição da costa noroeste portuguesa, como as descargas de poluentes de origem terrestre e de atividades marítimas e o lixo marinho encontrado à superfície e no fundo do mar.
“Queremos aproximar a ciência e o conhecimento científico produzido da comunidade”, referiu.
Quanto à regeneração dos ‘habitats’, o projeto vai usar “abordagens inovadoras” para avaliar as espécies aquáticas (tendo por base a genética e genómica), as condições e dinâmicas dos ‘habitats’ aquáticos, bem como desenvolver “soluções” para a regeneração dos mesmos.
O projeto, que decorre nos próximos dois anos, prevê o desenvolvimento e aplicação de estratégias de descarbonização do oceano e das águas do noroeste de Portugal que incluem, por exemplo, a promoção de dietas à base de peixe para reduzir a pegada de carbono das populações e novas tecnologias para a produção de energia verde.
No âmbito da investigação serão também desenvolvidas ações para envolver os cidadãos e os principais atores da gestão local, através de atividades de monitorização, proteção e conservação dos ‘habitats’ marinhos, que visam promover a literacia dos oceanos.
“Esta disponibilização de dados é muito importante porque permite que a ciência avance e que as pessoas percebam o impacto destas ações”, referiu a investigadora, acrescentando que do projeto vão resultar “vários ‘outputs’”, como recomendações de estratégias e soluções para a proteção dos ecossistemas tanto para as populações como para as entidades locais.
A par disso, o projeto vai também apostar na “qualificação de empregos verdes” estando prevista a contratação de 10 jovens licenciados que tencionem desenvolver as suas teses de doutoramento nas temáticas em investigação.
Estes jovens serão a “interface” do projeto com os alunos do ensino básico e secundário, revelou a investigadora, acrescentando que o objetivo é também que estas “novas gerações de cientistas saiam da sua zona de conforto”.
Com um financiamento elegível de mais de 588 mil euros, o projeto Oceans3R viu aprovado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER), no âmbito do programa Norte 2020, um financiamento de quase 500 mil euros.