Qual a relação entre a saúde do planeta e saúde humana?
A degradação dos ecossistemas naturais causa inúmeros problemas – e as doenças infecciosas são um deles. O Zika, detectado em 42 países, é o último exemplo daquilo que especialistas referem como o “novo normal” das pandemias.
Ao longo dos últimos 50 anos, mais de 300 agentes infecciosos foram descobertos ou nasceram em lugares onde nunca tinham sido identificados antes. Tendência que levanta questões como: “porque é que as doenças infecciosas estão a ocorrer com tanta frequência?”, “são as pandemias o novo normal?”. Normalmente, o aumento dos surtos pandémicos enquadram-se em falhas no sistema de saúde, mas apesar de estas serem factores críticos o primeiro agente impulsionar da sua eclosão são as alterações ambientais, segundo o The Guardian.
A grande maioria das doenças infecciosas, como a malária, o Zika ou o HIV têm origem animal, pelo que quando perturbamos o ambiente natural dos animais estamos a “provocá-los.” A desflorestação é um desses exemplos. Provoca um desequilíbrio nos “habitats” naturais dos animais e aumenta o contacto entre seres humanos e potenciais reservatórios de doença na população animal.
Um exemplo é o Ébola, que segundo demonstram evidências científicas, poderá ter sido transmitido aos seres humanos através do contacto com animais selvagens infectados decorrido em acções de desflorestação.
O ambiente desempenha um papel crucial na vida do planeta e tem um “efeito tampão” no que respeita a doenças infecciosas e à sua propagação. Ignorar este facto é sinónimo que o corte das florestas e os surtos de doenças infecciosas vão continuar a crescer.
O campo da saúde planetária surgiu para melhor compreender e resolver a relação integrada entre a saúde humana e o ambiente, e visa sensibilizar e lançar “uma luz” sobre os problemas de saúde originados pelas mudanças ambientais de grande dimensão e debater novas formas de trabalho de modo a combater essas realidades.
Foto: Sam Lockard / Creative Commons