Que contribuição têm as cirurgias para as alterações climáticas?



Nos Estados Unidos, a comunidade médica representa 8,5% das emissões de gases com efeito de estufa do país. Um estudo recente da Universidade do Michigan, demonstra que as operações cirúrgicas têm um grande papel neste campo, contribuindo para as alterações climáticas de diversas formas – desde as consultas, até ao desperdício pós cirurgia.

Estas operações emitem três a seis vezes mais carbono e são responsáveis por 70% dos resíduos dos hospitais. Os tratamentos de cancro são os que mais impacto provocam. Como consta no documento, uma histerectomia robótica [remoção do útero] emite tanto carbono com conduzir mais 3500 quilómetros.

“A cirurgia desempenha um papel desproporcional na produção de carbono e nos resíduos que produzimos na medicina”, afirma o autor Victor Agbafe. “Se pudermos reduzir a produção de gases com efeito estufa, temos a oportunidade de prolongar a vida útil dos nossos pacientes e expandir o acesso a cuidados oportunos. Achamos realmente importante que a comunidade cirúrgica seja proativa nesta discussão.”

Então, o que pode ser feito? Como explica o investigador, um dos  passos poderia ser a redução dos resíduos, através da rotulagem e categorização de tudo o que é utilizado na sala de cirurgia. Isto, porque, 90% do lixo das operações acaba no sítio errado – apenas os resíduos expostos a fluídos corporais devem ser depositados em sacos de lixo específicos. Outra sugestão passa pela utilização de dispositivos reutilizáveis ​​ou reprocessados.

A listagem prévia dos instrumentos cirúrgicos a usar na operação é também uma sugestão de Victor Agbafe, já que 87% dos mesmos raramente são utilizados. Optar por fornecedores locais para estes instrumentos é também uma forma de reduzir a pegada de carbono.

Para os autores, algumas das recomendações da Sociedade Americana de Engenharia de Saúde devem também ser tidas em conta, como a otimização da energia usada nas salas, a iluminação com eficiência energética e a minimização do fluxo de ar das salas.

As consultas por chamada são também uma opção vantajosa. “Durante a pandemia, estamos a recorrer ao atendimento virtual, e se pudermos tornar isso um aspecto rotineiro do tratamento do cancro para pré e pós-operatório, é uma maneira de reduzir o impacto climático da prestação de cuidados e de torná-lo mais conveniente para os pacientes”.

 

 





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