Quénia e ONU apelam à comunidade internacional para ajudar no combate à seca



O Governo do Quénia e a Organização das Nações Unidas (ONU) lançaram hoje um novo plano para mitigar os efeitos da seca no país e para mobilizar a ajuda da cooperação internacional para as comunidades mais afetadas.

“A seca continua a agravar-se”, lamentou o vice-presidente queniano, Rigathi Gachagua, durante uma conversa com os parceiros da cooperação do país na pequena cidade de Maalimin (leste), no condado de Garissa, uma das mais atingidas pela seca.

Esta é a quarta estação chuvosa consecutiva com menos chuva do que o habitual, uma situação que deixou mais de 4,35 milhões de quenianos com fome e a precisar de ajuda humanitária.

Tanto a ONU como as autoridades quenianas apelaram à comunidade internacional para mobilizar mais recursos para abrandar a crise.

“Agora é altura de agir”, disse o vice-presidente do Quénia, “para garantir que não perdemos mais vidas”.

Para resolver esta crise, Gachagua propôs fornecer água limpa, dinheiro e alimentos de emergência às comunidades mais afetadas, bem como promover alternativas de energia verde e sensibilizar a população para eliminar práticas tradicionais negativas.

“Lamento trazer más notícias, mas temos de ser honestos: esta seca faz parte do nosso novo normal devido à crise climática”, disse a diretora executiva do Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUA), Inger Andersen, que se deslocou ao Quénia “diretamente” da 27.ª Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP27), no Egito.

“Temos de procurar formas de nos adaptarmos a ela”, continuou Andersen.

Além de falar com os parceiros da ONU, o Governo queniano preparou também um grande evento em Maalimin para partilhar o seu plano de seca com o público.

“Os quenianos não são culpados por esta seca. A seca é uma consequência da crise climática, que é em si mesma o resultado do comportamento irresponsável das nações industrializadas”, disse o representante da ONU no Quénia, Stephen Jackson, dirigindo-se a centenas de homens, crianças e mulheres mais velhos.

“A emergência está a agravar-se também devido às consequências económicas da pandemia do coronavírus e à subida generalizada dos preços devido à guerra na Ucrânia”, lamentou Jackson.

De acordo com a ONU, são necessários 429,6 milhões de dólares (cerca de 419 milhões de euros) para ajudar 3,8 milhões de quenianos até 2023.

A seca intensa está a atingir vários países da região do Corno de África, incluindo o Quénia, Etiópia, Somália, Djibuti e Uganda, e milhões de pessoas enfrentam a insegurança alimentar e a subnutrição.

No Quénia, a “desnutrição aguda” afeta 942.000 crianças entre os 6 e 59 meses e 134.000 mulheres grávidas ou lactantes, segundo a National Drought Management Authority (NDMA), uma agência estatal queniana.

A desnutrição aguda enfraquece o sistema imunitário, colocando em risco de doença e morte. Além disso, se não for tratada a tempo, pode prejudicar gravemente o desenvolvimento físico e cerebral das crianças.





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