Quercus denuncia ameaça à Mata dos Medos com novos parques de campismo da UFS



A Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza apresentou parecer no âmbito da consulta pública do Plano de Cogestão da Paisagem Protegida da Arriba Fóssil da Costa da Caparica (PPAFCC), onde defende a criação de um estatuto de Reserva Integral para a Mata Nacional dos Medos, dada a sua elevada importância ecológica e científica, divulgou em comunicado.

Segundo a mesma fonte, proteger a Paisagem Protegida da Arriba Fóssil da Costa da Caparica “é mais do que salvaguardar um património natural único. É garantir um legado ecológico e um modelo de ordenamento do território verdadeiramente sustentável”.

A Quercus realça que esta paisagem protegida, classificada pelo Decreto-Lei n.º 168/84, inclui um património natural valioso, como a Mata Nacional dos Medos, que desde 1971 é reconhecida como Reserva Botânica pelo Decreto n.º 444/71. A zona alberga espécies endémicas de elevado interesse e habitats naturais protegidos pela Diretiva Habitats, incluindo oito habitats prioritários. A existência de populações de morcegos, com papel fundamental no equilíbrio dos ecossistemas, reforça a necessidade de proteção reforçada.

Preocupações com projetos de urbanização não considerados

A Quercus manifesta preocupação com a omissão do Plano de Pormenor dos Novos Parques de Campismo (PPNPC) na proposta de cogestão. A construção prevista de três grandes parques de campismo na área do Pinhal do Inglês – inserido no perímetro da paisagem protegida – “representa uma ameaça para os valores naturais da zona, com impacto estimado sobre 96 hectares de floresta”.

“A criação de 4300 alvéolos para campismo numa área sensível, com previsões de mais de 17 mil utilizadores regulares, irá agravar a pressão sobre o solo, a biodiversidade e os acessos à Praia da Fonte da Telha, que já sofre de sobrecarga”, alerta a Quercus.

Entre os impactos identificados, destacam-se:

  • Erosão e impermeabilização do solo, com riscos acrescidos de escorrência e destruição de habitats.
  • Perturbação de espécies, como morcegos e aves, pela presença humana intensiva.
  • Fragmentação ecológica do corredor natural entre a Mata dos Medos e os pinhais da Aroeira.
  • Défice de transportes públicos, agravando a dependência do automóvel.
  • Ausência de estudos atualizados de procura e capacidade de carga.

A Quercus defende uma visão integrada que priorize a conservação e o restauro ecológico em detrimento de modelos turísticos de grande escala. As suas propostas incluem:

  • Criação de bolsas de estacionamento externas, ligadas à praia por transportes sustentáveis.
  • Implementação de valas de infiltração e bacias de retenção para controlar o escoamento pluvial.
  • Reforço da fiscalização ambiental e instalação de sinalética educativa.
  • Transformação do Pinhal do Inglês num corredor ecológico, com plantação de espécies autóctones.
  • Promoção de zonas de interface naturalizadas entre áreas urbanas e espaços protegidos.

A Quercus apela a que “o Plano de Cogestão da PPAFCC seja revisto de forma a considerar as ameaças reais ao território, incluindo as pressões urbanísticas do PPNPC, e que a Mata Nacional dos Medos seja reconhecida como área de proteção integral, assegurando a preservação de um dos últimos refúgios de biodiversidade do litoral sul da Área Metropolitana de Lisboa”.

 






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