Quercus: Reduzir emissões em 30% pode levar Portugal a poupar 1,6 mil milhões
Se Portugal aumentar a meta de redução de emissões de gases com efeito de estufa dos 20 para os 30%, poderá poupar 300 milhões de euros por ano em saúde e evitar a perda de receita de 1,3 mil milhões de euros, no período entre 2013 e 2020, em licenças de carbono.
As contas foram feitas pela Quercus a partir de um estudo da Rede Europeia de Acção Climática, que contabiliza os benefícios para a saúde de “uma melhor qualidade do ar”. “Para Portugal, a poupança nos custos de saúde atingiria os 300 milhões de euros por ano”, revela a Quercus.
O estudo aborda ainda as expectativas da Comissão Europeia (CE) para as licenças de emissão do Comércio Europeu de Licenças de Emissão (CELE). Em 2008, a CE esperava um preço de cerca de 30 euros por tonelada de CO2 até 2020, num cenário de redução de 20%.
No entanto, em 2010 e devido “às novas circunstâncias económicas, o preço esperado de carbono foi praticamente reduzido para metade”. Sendo assim, os Governos europeus estão em risco de perder quase 70 mil milhões de euros em receitas a partir do leilão de licenças de emissão devido ao colapso do preço do carbono. Isto no período de 2013 a 2020.
Para Portugal, está em jogo “uma perda de receita de 1,3 mil milhões de euros”, explica a Quercus. Assim, “apenas criando mais escassez no CELE os Governos conseguirão recuperar essas potenciais perdas, o que requer uma mudança para uma meta de redução de 30%”.
Por tudo isto, a Quercus espera agora que o Governo “apoie a decisão da EU para a meta de 30% de redução de emissões”. “A Quercus considera indispensável que o Governo português clarifique a sua posição, anunciando se concorda com o estabelecimento desta nova meta e se irá, à semelhança de países como a Espanha, França ou Reino Unido, defender activamente este passo decisivo na União Europeia em prol do ambiente, da economia, dos benefícios sociais e ainda da redução das consequências negativas decorrentes das alterações climáticas”.
Mais sobre o estudo no site da Quercus.
Finalmente, e ainda de acordo com o estudo, aumentar as metas de redução de emissões de 20 para 30% custaria “apenas” entre 0,2 e 0,3% do Produto Interno Bruto (PIB), sendo que, no longo prazo (2050) conduziria a ganhos de 10%.
Também a criação de emprego ficaria a ganhar. Se em 2005 o emprego directo e indirecto no sector europeu de energia renovável atingiu quase 1,4 milhões de postos de trabalho, num cenário de 30% de redução este número aumentaria na ordem dos dois milhões de trabalhos directos e indirectos até 2020.