Recuperar diversidade de plantas em antigas paisagens agrícolas só é possível com “intervenções ativas”



A diversidade de plantas em paisagens agrícolas abandonadas ou degradadas só pode ser totalmente recuperada com “intervenções de restauro ativas”. Sem essa ‘ajuda’, a recuperação dessas terras “pode demorar um tempo excessivamente longo” e nem sempre é garantido que seja total.

A conclusão é de uma investigação que juntou cientistas de vários países, e que defendem que “a agricultura é considerada uma das maiores perturbações aos sistemas ecológicos”, “transformando habitats naturais em áreas agrícolas”, pelo que é também apontada como um dos principais motores da perda de biodiversidade em todo o mundo, especialmente quando se essa atividade se baseia em prática insustentáveis que não respeitam os ciclos da Natureza.

Os autores do artigo divulgado na revista ‘Journal of Ecology’ recordam que no final do ano passado os líderes mundiais, reunidos em Montreal, no Canadá, adotaram a Estrutura Global Pós-2020 para a Biodiversidade (Post-2020 Global Biodiversity Framework, em inglês), que tem como um dos principais eixos estratégicos o restauro de, pelo menos, 30% dos ecossistemas em terra, no mar, na costa e de água doce, até 2030.

Saber como as paisagens que foram usadas para fins agrícolas recuperam com a ausência dessa atividade é fundamental para gerir e impulsionar essa renaturalização. Para isso, os cientistas estudaram a recuperação da biodiversidade em 17 pradarias no estado de Minnesota, nos Estados Unidos, que tinham sido usadas para a produção agrícola, mas que foram abandonadas entre 1927 e 2015.

Usando como referência áreas que nunca foram tocadas pela agricultura, os investigadores quiseram perceber de que forma essas paisagens recuperam se forem deixadas a elas próprias, ou seja, se não houver intervenções de recuperação. “Compreender esse processo de recuperação pode dar-nos informação sobe como podemos ajudá-la e acelerá-la através do restauro”, explica Emma Ladouceur, principal autora do artigo.

A investigação revelou que mesmo 80 anos depois de os campos terem sido abandonados pela agricultura não conseguiram recuperar totalmente a sua biodiversidade. Calcula-se que essas áreas tinham apenas 65% das espécies encontradas em áreas semelhantes que nunca foram cultivadas.

Os cientistas argumentam que saber como as antigas paisagens agrícolas recuperam e retornam naturalmente ao seu ‘estado selvagem’ permitirá criar planos de restauro adequados às necessidades de cada área e alcançar as metas definidas na cimeira global da biodiversidade (COP15) para o restauro de ecossistemas degradados.





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