Redução da diversidade genética ameaça populações britânicas de noitibós-cinzentos



Os noitibós-cinzentos (Caprimulgus europaeus) são uma espécie de ave encontrada um pouco por toda a Europa, de Portugal à região oeste da Rússia, e da Finlândia ao Irão.

Embora esteja classificada com o estatuto de “Pouco preocupante” na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza, algumas populações desta espécie notívaga, migradora, de grandes olhos e com uma boca bastante ampla, tendo em conta o tamanho do corpo, podem estar a enfrentar riscos potencialmente sérios.

Uma investigação científica liderada pela Universidade de York alerta que, nos últimos dois séculos, os noitibós-cinzentos no Reino Unido têm vindo a sofrer “um declínio significativo e preocupante” da diversidade genética das suas populações.

Com as descobertas publicadas num artigo na revista ‘Molecular Ecology’, os investigadores compararam os genomas de 60 noitibós-cinzentos, que viveram entre 1841 e 1980, com os genomas de 36 aves da mesma espécie que ainda vivem nas ilhas britânicas.

Com base nesses dados, concluíram, que mais de um terço das aves modernas perdeu diversidade genética, em relação aos noitibós dos dois séculos anteriores. Além disso, identificaram também o que descrevem como “um aumento preocupante” da reprodução consanguínea ao longo dos últimos 180 anos.

Uma das principais causas da perda de diversidade genética é a fragmentação e a perda dos seus habitats naturais, sobretudo porque os noitibós-cinzentos são considerados especialistas, altamente dependentes de certos tipos de habitats. Sem eles, as populações desta ave perdem locais de alimentação e de reprodução.

Embora reconheçam que não parece haver, pelo menos para já, nenhum risco imediato de extinção, os cientistas avisam que a redução da diversidade genética afeta negativamente a resiliência das populações da espécie, bem como a sua capacidade para faze face e adaptar-se a mudanças ambientais, a surtos de doenças e à perda de habitat.

“Esta investigação serve como um forte aviso não só para os noitibós, mas potencialmente para outros especialistas migradores de longa distância por toda a Europa”, diz, em comunicado, George Day, primeiro autor do estudo.

“Os padrões genéticos que observámos na população britânica podem muito bem ser também encontrados noutra avifauna europeia que enfrenta pressões ambientais semelhantes”, salienta.

Os cientistas avisam para a “necessidade urgente de medidas de conservação proativas”, como o restauro de habitats e o restabelecimento das ligações entre porções fragmentadas, permitindo que populações separadas possam dispersar e misturar os seus genes.






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