Regantes de Campilhas querem reforçar abastecimento de água e modernizar bloco de rega
Os agricultores servidos pela barragem de Campilhas, situada no concelho de Santiago do Cacém (Setúbal) e das mais afetadas pela seca, pretendem reforçar o abastecimento de água à albufeira e modernizar o bloco de rega.
A Associação de Regantes e Beneficiários de Campilhas e Alto Sado (ARBCAS) vai assinar, esta sexta-feira, contratos para a elaboração de dois projetos, no valor global a rondar os 836 mil euros, que visam o reforço de água à barragem de Campilhas e a modernização do bloco de rega de Alvalade.
O presidente da ARBCAS, Rui Batista, explicou à agência Lusa que o primeiro projeto “prevê, em principio, a ligação da água de Alqueva até à barragem de Campilhas”.
Já o segundo projeto, acrescentou, “é para a modernização da rede de rega na zona de Alvalade”, no concelho de Santiago do Cacém.
“São dois projetos que visam melhorar a disponibilidade [de água] nesta zona tão afetada pela seca”, disse.
Segundo a ARBCAS, em comunicado, estes projetos de execução, resultam de uma candidatura ao Programa de Desenvolvimento Rural (PDR), representando um investimento de 836.700 euros, financiados a 95% por fundos comunitários.
Os projetos inserem-se “na ação e dinâmica necessária para combate às alterações climáticas”.
Este plano visa “por um lado aumentar a resiliência dos sistemas existentes com o reforço do abastecimento de água através de novas origens, neste caso através da ligação de Alqueva à albufeira de Campilhas”.
Por outro, irá “melhorar a eficiência dos sistemas de distribuição de água existentes, passando [de] sistemas de rega por gravidade, a céu aberto, para sistemas de rega em pressão, aumentando a eficiência e reduzindo as perdas de água em 2.000 ha [hectares]”, referiu.
No entender de Rui Batista, a “ligação a Campilhas” representa “um marco” para este território, uma vez que esta albufeira “precisa muitíssimo de ter uma fonte adicional de água” e “é uma barragem muito afetada pelas alterações climáticas”.
“Estivemos dois, três anos sem regar porque aquela zona de Campilhas está a ser muito fustigada pela falta de água e esta ligação a Alqueva seria uma mudança muito grande, não só nas condições de rega, como nas condições de desenvolvimento de toda esta região”, considerou.
Além da “ligação à barragem de Alqueva”, o responsável revelou que o projeto para o reforço de água à albufeira de Campilhas vai também estudar “outras possibilidades”.
Entre elas, “algumas afluências do Sado” ou a possível construção de “uma dessalinizadora em Sines”, exemplificou.
O presidente da associação de beneficiários precisou que os projetos de execução “estarão concluídos dentro de um ano” e admitiu que as obras vão depender de financiamento comunitário.
“Ficaremos dependentes da abertura de candidaturas aos programas de financiamento” para “passarmos, eventualmente, à fase de obra”, concluiu.