Reportagem: a linha da frente do comércio ilegal de marfim (com FOTOS)

Há duas semanas, a CITES (Convention on International Trade in Endangered Species of Wild Fauna and Flora) revelou o seu relatório anual sobre a caça furtiva de elefantes africanos. Apesar de terem sido abatidos menos animais que em 2011 e 2012, o número de abates em 2013 ainda permanece elevado e põe em risco a espécie. No total, foram abatidos 20.000 elefantes em 2013, uma média de 55 animais por dia.
Em Junho do último ano, o fotógrafo James Morgan passou algum tempo no Gabão, numa missão do World Life Fund com o intuito de documentar as vidas dos guardas florestais na linha da frente ao combate do abate e comércio ilegal de marfim.
O fotógrafo passou vários meses com os guardas, documentando as suas vidas pessoais e viajando com eles durante as patrulhas de vigia. Em pouco tempo Morgan percebeu de que afinal não existe “linha da frente” nesta batalha, a qual já vitimou mais de 1.000 guardas em toda a África nos últimos dez anos, refere o Inhabitat.
Uma das descobertas mais interessantes do fotógrafo britânico foi o facto de os membros das comunidades rurais tanto poderem ser guardas num dia como caçadores no dia seguinte – tudo depende de quem paga mais. Uma das comunidades onde esta “dupla identidade” é praticada é em Baka, no ocidente africano. Antigamente o elefante era um animal preservado, agora a sua morte gera riqueza e o marfim é dos bens mais valiosos da região.
O tráfico de marfim é alimentado pela procura – como qualquer outro bem -, principalmente dos mercados asiáticos. James Morgan viajou ainda pela Tailândia para documentar alguns dos centros de contrabando e pôde testemunhar várias apreensões de marfim no aeroporto internacional de Banguecoque. Contudo, a Tailândia não é o destino final de grande parte do marfim comercializado ilegalmente, mas sim um ponto de passagem para o mercado chinês.
Actualmente, o comércio ilegal de marfim é protagonizado por grupos criminosos organizados, com cada vez mais provas do envolvimento de organizações terroristas. O World Life Fund estima que o tráfico ilegal de espécies selvagens seja a quinta actividade ilícita comercial mais lucrativa, estimada em €7,4 mil milhões (R$ 16,4 mil milhões) anuais.
[nggallery id=655 template=greensavers]