São precisos até 390 mil milhões de euros para que a Terra não aqueça mais de 1,5 graus, estima Fórum Económico Mundial
Atualmente, 1,6 mil milhões de pessoas dependem dos serviços prestados pelas florestas para viver, seja em termo de água, comida, madeira ou emprego, e estima-se que o seu valor económico seja de 150 biliões de euros.
As contas são do Fórum Económico Mundial, que esta terça-feira lançou o seu mais recente relatório ‘Florestas para o Clima: Fortalecer a conservação das florestas para alcançar a neutralidade carbónica’.
O documento aponta que se não travarmos a desflorestação até 2030, “não será possível limitar o aquecimento global a 1,5 graus centígrados”, indicando que soluções climáticas naturais, incluindo a conservação e restauro das florestas, são fundamentais para assegurar um terço da mitigação necessária para concretizar esse objetivo.
Para que essa meta não seja um mero número no papel, o Fórum Económico Mundial calcula que seja preciso um financiamento de entre 100 mil milhões e 390 mil milhões de euros todos os anos até 2050 “para salvar florestas suficientes para manter o planeta no caminho dos 1,5 graus”.
A organização internacional reconhece que a desflorestação é responsável por aproximadamente 15% de todas as emissões globais de dióxido de carbono para a atmosfera, e aponta que “se a desflorestação tropical fosse um país seria o terceiro maior emissor do mundo”, denunciando que a cada 15 minutos se perde uma área de floresta tropical do tamanho do Central Park, nos Estados Unidos, com perto de 340 hectares.
No ano passado, a perda de floresta primária na região dos trópicos emitiu tanto dióxido de carbono quanto a Índia. O Fórum Económico Mundial aponta o dedo expansão da agricultura e à indústria agropecuária como os principais motores da desflorestação nessa região do planeta.
O relatório adianta que travar a desflorestação é nove vezes mais eficaz na redução de emissões de dióxido de carbono do que a plantação de novas árvores, esclarecendo que mitigar os efeitos da desflorestação através da regeneração de floresta perdida requer uma área 50 vezes superior à que é necessária para alcançar esses objetivos mediante a proteção de floresta que ainda se mantém.
Ou seja, proteger as áreas de florestas que hoje ainda resistem tem o mesmo efeito de mitigação dos efeitos das alterações climáticas do que a regeneração de uma área 50 vezes superior.
“As florestas tropicais armazenam mais carbono do que qualquer outro sistema terrestre, bem como proporcionam serviços ecossistémicos insubstituíveis”, sentencia o Fórum Económico Mundial.