São precisos pelo menos 310 milhões por ano para impedir extinção de espécies marinhas na Austrália



Para resgatar espécies marinhas ameaçadas no limiar da extinção na Austrália é preciso um investimento anual de, pelo menos, 314 milhões de euros, contabiliza relatório.

As contas foram feitas pela Sociedade Australiana de Conservação Marinha (AMCS) e pelo Conselho de Biodiversidade, grupo de especialistas em conservação da biodiversidade, que dizem que esse investimento é “urgente”.

Em comunicado, recordam que as indústrias ligadas ao oceano geram todos os anos mais de 100 mil milhões de euros na Austrália, sendo que os ambientes marinhos contribuem diretamente com cerca de 20 mil milhões para a economia australiana e suportam mais de 460 mil empregos no país.

No entanto, apesar da sua importância, as organizações lamentam que os ecossistemas marinhos estão cada vez mais ameaçados “devido ao insuficiente financiamento da conservação e às crescentes pressões ambientais”.

Em nota, apontam que 95 espécies marinhas na Austrália estão atualmente classificadas como ameaçadas ao abrigo da lei do país, e avisam que, sem os investimentos necessários, “essas espécies podem desaparecer, causando graves desequilíbrios ecológicos e repercussões económicas para as indústrias que dependem de ecossistemas marinhos saudáveis”.

O relatório estima que apenas 0,1% do orçamento federal do governo australiano é direcionado para esforços de conservação, “uma fração do que é preciso para proteger eficazmente a vida e os habitats únicos do país”. Por outro lado, acrescentam os autores, “quatro por cento do orçamento federal é gasto em subsídios que potencialmente prejudicam o ambiente, exacerbando a perda de biodiversidade e a degradação marinha”.

“Sucessivos governos comprometeram-se a evitar extinções, mas continuamos a ver o declínio de espécies marinhas”, salienta, em nota, Brendan Wintle, da Universidade de Melbourne e membro do Conselho de Biodiversidade.

“Os ecossistemas marinhos saudáveis fornecem benefícios fundamentais, incluindo segurança alimentar, proteção costeira e armazenamento de carbono, mas o atual financiamento governamental está aquém do que é necessário para proteger espécies ameaçadas e sustentar estes ecossistemas”, denuncia.

Olhando para os Estados Unidos da América, onde a Lei das Espécies Ameaçadas (Endangered Species Act, em inglês), conseguiu recuperar mais de uma centena d espécies “através do financiamento obrigatório para a recuperação e de relatórios públicos transparentes”, Wintle considera que fazer algo semelhante na Austrália “poderá melhorar significativamente os resultados de conservação e evitar novas extinções de espécies marinhas”.

As duas organizações consideram que alocar parte dos subsídios a atividades ambiental prejudiciais para esforços de conservação será uma forma “neutra em custos” de colmatar as necessidades mínimas de financiamento para evitar que mais espécies marinhas desapareçam.

“O custo para reverter estes declínios nunca foram devidamente quantificados até agora”, afirma Alexia Wellbelove, da AMCS. “Este relatório apresenta um plano financeiro claro, mostrando que um investimento anual de 340 milhões de dólares [cerca de 314 milhões de euros] é o mínimo necessário para dar às nossas espécies marinhas ameaçadas uma verdadeira oportunidade”.






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